O Inmetro, em conjunto com os órgãos delegados, onde se inclui o Instituto de Pesos e Medidas do Paraná, se junta nesta semana (de 16 a 20) à campanha “Semana Internacional da Consciência em Segurança de Baterias Botão”. O foco é a redução de lesões e mortes de crianças por ingestão de “baterias botão”.
A campanha é uma parceria com o Conselho Internacional de Segurança de Produtos de Consumo. Ao todo, 12 participantes integrarão a ação: Brasil, União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Letônia, México, Peru, Colômbia, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Cerca de 3.500 casos de ingestão de pequenas baterias de lítio por crianças são reportados anualmente a centros de controle de envenenamento nos EUA. Quando engolidas, as chamadas “baterias botão” podem ficar presas na garganta e causar queimaduras graves ou levar à morte. Na Austrália, por exemplo, onde recentemente uma criança morreu como vítima desse tipo de acidente, estima-se que cerca de quatro casos por semana com lesões são diagnosticados.
No Brasil, onde já foram identificados casos de ingestão acidental, o Inmetro e a ONG Criança Segura lançam uma campanha de conscientização nacional, com o intuito de alertar pais, responsáveis, classe médica e institutos de ensino infantil sobre o perigo, antecipando a uma ação global que começa em junho, com diversos países envolvidos.
A ingestão acidental pode causar lesões significativas e permanentes, e levar até mesmo à morte. Pequenas baterias, que podem ter o tamanho de um botão ou de uma moeda, podem se alojar na garganta de uma criança, onde a saliva imediatamente desencadeia uma corrente elétrica, causando uma reação química que provoca queimaduras severas no esôfago, em menos de duas horas. A gravidade da queimadura pode piorar, mesmo depois de a bateria ter sido removida. O tratamento pode envolver alimentação, uso de tubos de respiração e cirurgias.
Equipamentos finos e compactos, como controles remotos de TV e ar-condicionado, chaves de carro, pequenas calculadoras, relógios, cartões e velas musicais, MP3 e lanternas, além de tênis e roupas com pisca-pisca, usados no dia a dia, têm compartimentos de bateria de fácil abertura. Muitos pais desconhecem o risco que isso representa para as crianças.
Outro alerta é para a classe médica, em função da dificuldade no diagnóstico em caso de acidente. Os sintomas apresentados pela criança, como febre e dor de estômago, podem ser facilmente associados a resfriados, viroses ou alergias, e não ao fato de ela ter ingerido ou introduzido uma bateria na narina, alertam os organizadores da campanha.
Os brinquedos já contam com compartimentos para baterias mais seguro e resistentes, que dificultam o acesso às crianças. Contudo, os dispositivos eletrônicos em geral não têm essa opção e estão amplamente disponíveis e acessíveis em muitos lares.
O Inmetro também estuda desenvolver um regulamento para o uso seguro dessas baterias em diferentes produtos. No momento, reúne informações sobre o assunto por meio de benchmarking internacional, e pretende envolver o setor produtivo de pilhas e baterias na discussão sobre redução de riscos.
O presidente do Ipem-PR, Rubico Camargo, disse que é importante que todos os casos de acidentes sejam relatados ao Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo, por meio da página do Ipem-PR, no site www.ipem.pr.gov.br, para fundamentar uma possível regulamentação do uso de baterias em produtos”.
NO MUNDO
Internacionalmente, algumas agências de segurança de produtos já estão trabalhando ativamente na sensibilização do consumidor quanto aos perigos da “bateria botão”. Na Austrália, onde uma criança de 4 anos morreu em 2013 em decorrência de ingestão acidental, a Comissão Australiana de Competição e Consumo (ACCC) tem atuado em parceria com a fabricante Energizer e a ONG Kidsafe em uma campanha de conscientização direcionada a médicos e associações da classe.
ESTATÍSTICAS
Aproximadamente 11% de todos os casos requerem internação. Nos Estados Unidos, foram identificadas 13 mortes entre 1997 e 2009. As vítimas tinham idades entre 11 meses e 3 anos. A investigação conduzida nos EUA indica que as baterias ingeridas por crianças com menos de 6 anos aconteceu ao usar um produto (62% dos casos); ao manipular baterias soltas (30%), ou no manuseio de embalagens de bateria (8%).
Apesar de casos como estes não serem tão frequentes, o índice de letalidade é considerado alto: cerca de 50% das crianças vítimas desse tipo de ingestão acidental morrem em função da demora no diagnóstico e da gravidade das lesões.
Dicas de segurança: fique atento
– Deixe equipamentos com baterias botão fora de alcance quando o compartimento da bateria não for seguro e trave as baterias frouxas.
– Se a criança engolir a bateria botão, imediatamente procure atendimento médico de emergência. Não a deixe comer ou beber e não estimule o vômito.
– Os sintomas podem ser similares aos de outras doenças, como tosse, ‘babação’ e desconforto. Como as crianças conseguem respirar normalmente, o diagnóstico pode ser difícil.
– Relate o caso no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (www.ipem.pr.gov.br ou www.inmetro.gov.br/acidenteconsumo), o que poderá fundamentar uma possível regulamentação do uso de baterias.