22/08/2023
Agronegócio

Área de milho deve reduzir cerca de 15% em Guarapuava

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Guarapuava – Estimativas iniciais apontam que os produtores de milho do estado devem reduzir a safra 2009/10 em 20%. Nas áreas de maior tecnologia, como Guarapuava e Ponta Grossa, a queda deverá ser menor.
De acordo com o engenheiro agrônomo da cooperativa Coamo, Wilson Juliani, a redução na área de milho em Guarapuava e região deve ficar em torno de 15%. Entre os motivos que, a princípio, estão empurrando os produtores para o plantio de soja são os custos menores da lavoura da oleaginosa e o preço nada animador da saca de milho, avaliado em R$ 15. “Hoje o preço da soja está bom, cerca de R$ 45 a saca, contra a falta de preço do milho. Para estimular o plantio de milho, o preço precisaria estar acima de R$ 18”, fala. O valor atual fica abaixo do valor mínimo de garantia estipulado pela Conab, que é de R$ 16,50. Na metade do ano passado, os preços ao produtor chegaram a quase R$ 25.
Para o presidente do Sindicato Rural, Cláudio Marques de Azevedo, o preço atual do milho que não cobre o custo de produção – também foi agravado com a fusão da Sadia e Perdigão, deixando o produtor rural nas mãos de uma única empresa. “Num primeiro momento nós vimos essa fusão como algo favorável para não deixar o produtor na mão, já que iria quebrar uma empresa e o produtor seria prejudicado. Então houve a fusão, honraram com os compromissos, pagaram os fornecedores, que são os produtores rurais, só que agora nós estamos na mão de apenas uma empresa, que já está aumentando o prazo para a compra desses produtos. Se antes eles pagavam com 10 dias de prazo, hoje pagam com 30. O preço também caiu, o produtor está preocupado porque ficou na mão de um monopólio e desestimulou o plantio de milho. Eu acredito que o produtor irá perder com isso, fato que temos repassado para nossas entidades”, explica.
Segundo Azevedo, o que favorece neste ano as culturas de soja e milho é a diminuição do preço dos insumos básicos, os fertilizantes. “Na safra 2008/09 o preço dos fertilizantes era excessivo e mesmo assim acabamos sobrevivendo, e agora os preços caíram pela metade. Eu estou muito esperançoso para a safra 2009/2010, se os preços se mantiverem nos patamares que estão hoje, vamos ter um bom resultado, tirando o milho que deve ter uma recuada. Mas no geral vai ser um bom ano”, acredita.
Situação externa
Segundo previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – divulgadas pelo portal Agrolink – deve haver um acréscimo da área plantada na safra em relação às estimativas anteriores. A produção estimada para o país é cerca de 1,5% maior do que a do ano anterior e agora, caso se concretize, será a segunda maior safra de milho colhida no país.
Do lado da demanda, a projeção de consumo de milho para produção de etanol segue crescente e a utilização dos resíduos deste processamento tem compensado o menor uso do milho diretamente na alimentação animal. O preço do petróleo, após uma redução que se verificou no início de julho, retornou ao nível de US$ 70 o barril, o que, juntamente com a redução do preço do milho, ajudou a recuperar as empresas produtoras de álcool nos EUA. As exportações se mantêm no patamar de 50 milhões de toneladas, dentro da margem histórica.
Nos outros países, as condições se mostram favoráveis. No conjunto de países da Comunidade Européia mais Rússia e Ucrânia, espera-se uma leve redução na produção de milho em relação à safra passada. Na Argentina, os números finais da colheita tendem para cerca de 12,5 milhões de toneladas (segundo estimativas da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, http://www.bolcereales.com.ar), em comparação com um total de 22,3 milhões na safra passada. Esta redução na produção foi decorrente de vários fatores, tais como: uma redução de cerca de 23% na área plantada com milho; um severo déficit hídrico; o elevado custo dos insumos (principalmente fertilizantes); e, por fim, o conflito entre produtores e governo resultante da elevação das retenções nas exportações.

Cristina Esteche

Jornalista

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