22/08/2023
Segurança

Alto índice de exploração sexual

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Pinhão – É grande o índice de adolescentes entre 13 e 14 anos que deixam a casa dos pais para morar com homens, muitas vezes bem mais velhos do que elas. Em Pinhão, esses casos vêm se multiplicando e parece não assustar a sociedade.
Segundo o delegado, Luis Alberto Vicente de Castro (foto), a delegacia recebe todas as semanas denúncias de exploração sexual. “Esse é um problema sério aqui em Pinhão, em média recebemos entre cinco a seis casos por mês. Porém com uma peculiaridade, os pais da adolescente autorizam que ela viva com o homem, e só depois quando ocorre uma separação, aí sim eles vem denunciar”, conta ele.
Para Castro, é preciso urgentemente que a sociedade se mobilize para reverter a situação.“São famílias desestruturadas, muitas vezes com dificuldades financeiras, mas o que mais assusta é a falta de estrutura familiar, sãos pais sendo coniventes com uma situação criminosa”.
O delegado explica que manter relações sexuais com adolescentes até 14 anos é considerado estupro. “Caso seja feito um flagrante, o homem é preso, caso contrário, abre-se um inquérito para a apuração dos fatos, que é, o que mais acontece”. Castro explicou que não basta fazer a queixa, a menina precisa passar por um exame médico para comprovar o abuso.
Nestes casos, além de processo judicial para o homem, os pais também podem ser processados, visto que foram coniventes com o abuso. “Os pais precisam entender, que são eles os responsáveis pelas filhas, até a maior idade. Eu gostaria muito que as famílias passassem a preservar suas filhas”, disse o delegado.
O delegado trabalha em conjunto com o Conselho Tutelar. Os conselheiros dizem que pouco podem fazer, além de encaminhar a família à delegacia para registrar a queixa e a adolescente para os programas assistenciais. “Alguns pais nos procuram logo no início do problema, e a gente orienta, mas a maioria, só nos procuram quando há a separação, ou gravidez”, contam os conselheiros Edílson José da Rosa e Cleuza do Belém Pereira.
De acordo com os conselheiros, um dos motivos, é que a família já traz um histórico semelhante. “Em muitos casos a mãe da adolescente já casou novinha, então para ela é normal”. Os conselheiros disseram que na maioria dos casos, a primeira atitude da adolescente é abandonar a escola. “Muitas deixam de ir a escola, elas querem ser adultas”.
Outro aspecto, é que o casamento precoce acontece geralmente entre meninas adolescente e homens bem mais velhos. “É raro ver meninos adolescentes, ou dois adolescentes, geralmente é com homens maiores de 18 anos, o que torna situação ainda mais inaceitável”, disse Edílson.
Os conselheiros afirmam que uma das maiores dificuldades é a colaboração da sociedade. “ A sociedade prefere fingir que não vê, é omissa, não denuncia, e muitas vezes fica a favor do homem e a contra a adolescente”, disseram.
Para eles, as meninas são vítimas da irresponsabilidade dos pais, que são vítimas da sociedade. “Os pais são pessoas sem estudo, com dificuldades financeiras, não tem religião, nem estrutura para criar e educar os filhos. E embora muitos digam que as meninas é que se oferecem, porém o homem é mais velho, ele tem consciência do que está fazendo, sabe das consequências do ato. Muitas vezes as meninas nem sabem direito o que estão fazendo. Um homem que tem relações sexuais com adolescentes é um criminoso”, disseram.
Fatos do Iguaçu

Cristina Esteche

Jornalista

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