22/08/2023

Os jingles dão o recado!

O tempo é de eleições no Brasil. Nos bastidores, as campanhas dos candidatos seguem a todo o vapor. Conceitos já definidos, os jingles se antecederam e já ganham os ares do país. Lançados nas convenções que homologaram candidaturas, as letras e os ritmos escolhidos visam “grudar” na mente do eleitor e como um bom jingle  tem as informações  que levam ao voto do eleitor: nome e número do candidato, bandeira e propostas. Afinal, o compositor sabe que essa peça e é fundamental, pois sintetiza o conceito da campanha e provoca emoção no eleitorado. Além disso, músicas de refrão forte e fácil memorização, aquelas que grudam na cabeça, costumam ser bem sucedidas.

O jingle da presidente Dilma, candidata à reeleição, por exemplo, é um xote “arrastado” que destaca a ideia de mudança quando diz  “o que está bom vai continuar, o que não está, a gente vai melhorar”. Batizado de Coração Valente, o xote  prega que se Dilma for reeleita  o Brasil vai “viver uma nova esperança, com muito mais futuro e muito mais mudança”, remetendo à esperança tão propalada na última campanha do ex-presidente Lula. Outro destaque é que a letra diz que Dilma é  “mulher de mãos limpas, livres e firmes” que  “nunca vacilou” nem nunca “desviou o olhar do sofrimento do povo”. Essa frase se refere aos programas sociais destinados aos brasileiros de baixo poder aquisitivo.

O jingle, porém, não empolga, não destaca um refrão forte, embora a letra seja linda e sirva como uma “luva” para ser trilha de um vídeo sobre a candidata.

Com foco na juventude, o PSB de Eduardo Campos, vai de rap, gênero musical voltado à juventude da periferia. A ideia da “coragem para mudar o Brasil”, repetida várias vezes na música, é própria do gênero. Diz também que Eduardo e Marina [candidata a vice] tem a cara do Brasil, as cores do Brasil, o nome do Brasil.

A letra está embasada na origem e no perfil dos dois candidatos. Eduardo é pernambucano, conhecido por lutas populares. Prega também a eficiência do candidato como gestor público que “age sempre com planejamento e justiça social”. Marina é descendente dos seringais do Acre e tem como suas bandeiras o “compromisso ético e a defesa do patrimônio sustentável”. Explica ainda que tanto Eduardo quanto Marina são herdeiros de duas figuras históricas na luta pelo povo brasileiro. Eduardo é neto de Miguel Arraes, político que desmontou estruturas poderosas em Pernambuco, e Marina é discípula do líder sindical Chico Mendes, assassinado por causa de sua luta pela preservação da Amazônia.

Pra reforçar o apelo aos jovens, o vídeo oficial é também composto por um lyric video,  recurso de reprodução da letra de uma música sincronizada com o o áudio, um formato que vem sendo muito utilizada atualmente por artistas.

 

 Já o mineiro Aécio Neves (PSDB), literalmente “come pelas beiradinhas”. Um vídeomontagem com um jingle  foi apresentado na convenção tucana com uma letra simples. Em ritmo de balada, própria dos jingles de campanhas eleitorais, a letra brinca com as duas primeiras palavras do nome do candidato: “O jingle diz: “A é, eu quero ver. A é, a é, Aécio a gente quer você. A é, eu vim dizer. A é, a é, Aécio a gente quer você. A é, quem tem que ser. A é, a é, Aécio a gente quer você. A é, melhor pra gente. A é, a é, Aécio nosso presidente”. Embora seja apenas o jingle para a convenção, a estratégia está concentrada em música curta que leva à síntese do marketing eleitoral: mudança confiável para o eleitor insatisfeito com o governo da Presidente Dilma.

Confira os jingles em :

http://www.youtube.com/watch?v=yGEllod_nAc

http://www.youtube.com/watch?v=3k8YQCSs8es

http://www.youtube.com/watch?v=FgzctNbG-lQ

Cristina Esteche

Jornalista

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