22/08/2023
Segurança

Fábio Menarim Rocha senta no banco dos réus pelas mortes de Sandro e Henry

Cristina Esteche

Um dos crimes de maior repercussão na sociedade guarapuavana volta à tona e mobiliza a opinião pública. Nesta quinta (25), amanhã, às 9h00, Fabio Menarim Rocha senta no banco dos reús para ser julgado pela execução dos jovens Sandro Esteche e Henry Franciosi, duplo assassinato cometido há 18 anos, no mercado São Vicente, na Avenida Aragão de Mattos Leão.

Os dois foram executados na noite de 20 de março de 1995, nos fundos do extinto mercado. De acordo com as 200 páginas que formam o processo judicial, o denunciado pelo crime Fábio Menarim Rocha, amigo de Sandro e Henry, passou horas junto com Sandro no mercado. No final da tarde Henry chegou. Tão logo o mercado foi fechado e o pai de Sandro, João Quilhano Esteche foi para casa, os dois foram assassinados. Um casal que morava em frente ao mercado o disparo de “quatro ou cinco tiros”, dos quais minutos após os demais. Edevaldo Augusto Pereira disse que foi até a frente do mercado enquanto o tiros estavam sendo disparados. Terezinha Parezino Moss, outra testemunha, assistia televisão quando ouviu os disparos. Foi até a janela e retornou à tevê ouvindo um último tiro. Ela também disse que só viu Fabio saindo do local, indo até a casa da testemunha para pedir socorro.

A versão de Fabio é de que uma terceira pessoa chegou com Henry no mercado e começou a atirar  tendo, inclusive, atirado contra ele (Fabio), mas o tiro pegou na barriga, de raspão. Em seguida o suposto assassino teria saído pela frente do mercado.

Os depoimentos das testemunhas, porém, contradizem a versão de Fabio. Nenhum das pessoas envolvidas viu uma terceira pessoa saindo do local, a não ser Fabio.

Tanto a reconstituição do crime quanto laudos periciais, de acordo com o processo, mostram que o tiro contra Fabio foi à queima roupa, já que o local atingido apresentou resquícios de pólvora, ao contrário de Sandro e Henry. A suspeita é de que Fabio atirou contra si mesmo. O policial José Ademir de Paulo estranhou o fato de somente Fabio apresentar pólvora no corpo e os outros não. O advogado de defesa Elcio Melhem afirma no processo que a cicatriz no corpo do seu cliente, que também é seu afilhado, não apresenta características de "tiro encostado".

O pivô das duas execuções seria uma dívida de R$ 5,1 mil. Fabio deu um cheque a Sandro como garantia. O cheque nunca foi encontrado e nem descontado no banco. O cofre da Família Esteche estava aberto e havia papéis picados pelo chão. Num trecho do processo há a afirmação de que o denunciado teria dito: "esses dois já estão feitos. Agora só falta o cabeludo", num referência ao irmão de Sandro, que hoje mora no Mato Grosso.

Um cunhado de Fabio, em depoimento, disse que estranhou o fato deste não ter reagido contra a terceira pessoa já que costumava andar sempre armado.

Fabio chegou a ser preso, mas foi liberado por Habeas Corpus. Em depoimento que consta no processo o réu acusa policiais de tê-lo torturado na prisão.

Exumação

Em dezembro de 2013, a   juíza da 1ª. Criminal Carmen Mondin solicitou a exumação dos corpos para a retirada dos projéteis. A intenção foi comparar as balas com o calibre do revólver Taurus 38 encontrado pela polícia. Um projétil foi encontrado no crânio de Sandro.  Na noite do crime, a arma não foi encontrada e o local foi descaracterizado, antes da polícia chegar.

O pedido de exumação dos corpos e a retomada do processo fazem parte da  Meta Prioritária 2 do CNJ (Conselho Nacional da Justiça) que tem por objetivo julgar todos os processos de conhecimento distribuídos (em 1º grau, 2º grau e tribunais superiores) até 31/12/2006 e, quanto aos processos trabalhistas, eleitorais, militares e da competência do Tribunal do Júri, até 31 de dezembro de 2007.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.