22/08/2023
Cotidiano

Jovem larga as drogas para viver de música e literatura em Guarapuava

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Caio Budel

Quem cai nas teias da droga, seja ela qual for, tem em um curto espaço de tempo a saúde devastada, as relações sociais destruídas e a vida destroçada. Neste cenário, os sonhos e paixões são deixados para trás e dão lugar a um sentimento de prioridade sobre a droga onde nada, absolutamente nada, é mais importante que a próxima pedra a ser fumada. Felizmente, no caso de Wesney Éssy, ainda houve tempo para mudar de vida.

O jovem, que mora em Guarapuava há 10 anos, começou a viver sozinho cedo, quando ainda tinha 14. Sempre na estrada, não demorou muito tempo para que começasse a ter contato com drogas como a cocaína e o craque. “Tudo começou nas baladas. Eu usava de vez em quando e quando vi já era tarde. Estava usando outros tipos e afastando pessoas próximas”.

Após sete anos sendo usuário, ficava cada vez mais difícil de sustentar o vício. Por todas os estados brasileiros que passou, Éssy procurava emprego e queimava seu salário no final do mês inteiro nas drogas. “Eram duas dores diferentes. Uma porque o vício era mais forte que eu e outra por eu ter batalhado tanto pelo dinheiro e ver ele indo embora assim, tão rápido”.

Com o tempo, os contatos sociais do rapaz se estreitaram e Éssy percebeu a necessidade de sair do mundo das drogas. Quando chegou em Guarapuava, por iniciativa própria, procurou o Sistema Integrado de Saúde Mental (SIM) e há três meses está limpo. “O primeiro mês foi muito difícil. Meu corpo sentia necessidade da droga, mas eu resisti. É complicado manter a mente sã em um local onde todos a sua volta estão na mesma situação que você ou em uma pior. A gente tem que cuidar de si mesmo e auxiliar os outros”.

Em sua jornada, Éssy, que tem uma filha de nove anos, passou por mais de 11 cidades do Brasil procurando o seu lugar, mas foi só em Guarapuava que ele conseguiu achar o que lhe faltava. Agora, o jovem se dedica para a sua música com uma pegada de Pop Rock, usando como inspiração a banda Capital Inicial. Ele ainda passa parte do seu tempo escrevendo textos literários voltados para o cotidiano da vida de um ex drogado, abordando temas como o preconceito. “Agora minha vida começou de novo. Consegui um emprego na linha de produção e quero começar de novo, me dedicando para o que gosto de verdade”, conta. “Eu amo Guarapuava. Lembro de uma vez estar em Balneário Camboriú em um fim de tarde e pensar que tudo que eu queria era estar no Jordão. Essa cidade me ganhou”, emenda. 

Cristina Esteche

Jornalista

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