22/08/2023
Política

José Arthur propõe um novo jeito de fazer política

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Por Cristina Esteche
Guarapuava-Uma possível pré candidatura começa a ser desenhada em Guarapuava e deverá receber, se aceita, a arte final nas eleições de 2012.
Com a sua proposta o empresário José Arthur H. Gomes entra na ainda acanhada lista de brasileiros que acreditam em novos modos de se fazer política sem ser político. Um modelo que pode parecer utópico, até certo ponto ingênuo, mas que precisa se espalhar por todo o país.
Pontagrossense de nascimento, mas como se costuma dizer por aí, “guarapuavano de coração”, afinal também foi aqui que nasceram seus dois filhos, José Arthur está na cidade desde 1982. Empresário bem sucedido no setor de florestas, com princípios religiosos latentes, José Arthur ficou conhecido no meio político da cidade quando foi secretário de Finanças na primeira gestão do ex-prefeito Vitor Hugo Burko. Pelo rigor com que tratou o dinheiro público ganhou o apelido de “Zé Não”.
Só liberava o que achava necessário, sem-pre priorizando o social.
O cuidado que tinha com as finanças municipais o fez abrir mão do salário a que tinha direito como secretário. O cheque-salário nunca chegou às suas mãos. Era entregue diretamente à tesouraria da Igreja Santos Anjos (Bonsucesso). “Sempre tive o meu dinheiro, não preciso do dinheiro público”, antecipa.
Nos últimos anos José Arthur saiu de cena e retornou como presidente do Sindicato Patronal da Madeira, função que exerceu por dois anos, pois é contra a reeleição em qualquer esfera de administração.
Filiado ao PHS, mas com pouca participação nas reuniões do partido, seu nome começa a ser veiculado como pré candidato a prefeito nas eleições de 2012. Uma condição a que ele mesmo dá voz.
Quem ouve o empresário falar se depara com um perfil que seria de um anti-político: diz o que pensa, é real, sem retoques, sem artificialismo, não tem “papas na língua”. Mas é uma pessoa bem intencionada que acredita na mudança. “Não quero ser político, quero ser prefeito de Guarapuava”.
Aliás, é dessa forma que o empresário está construindo a sua imagem “política”. Ele chegou na TRIBUNA na manhã de quinta-feira. Foi apertando as mãos dos colaboradores, se apresentando e expondo o seu desejo, uma vontade que nasceu de um caso de doença na família. “Se nós que temos condições financeiras, informação, que temos vários médicos na família (sua esposa é a pediatra Aliçar Darwiche) passamos uma situação desesperadora, comecei a imaginar como padece a maioria da população e resolvi que tenho que fazer alguma coisa”, explica.
“Quero inaugurar um outro jeito de fazer política em nosso município”, repete com insistência . O novo jeito de fazer política como José Arthur propõe é arrojado e pode gerar indignação, descrenças, ou aplausos.
Indignados podem ficar os políticos presos ao sistema tradicional que não concebem na prática uma união, um trabalho em conjunto. “Veja bem! Em Guarapuava havia o programa Planalto Verde, criado pelo ex-prefeito Nivaldo Kruger e que acabou quando Fernando Carli assumiu a Prefeitura pela primeira vez. Depois, na gestão do Burko foi criado o programa Nosso Lixo, que o Carli acabou na sua segunda gestão. São somente exemplos de que um prefeito, por picuinha política, acaba com o que o outro começou sem se importar se estava ou não fazendo bem para a população. Eu não aceito essa prática”, diz.
Ficam descrentes aqueles que, à primeira vista, não concebem um sistema que separe um candidato a prefeito da prática política partidária. “Eu quero administrar o município pensando empresarial e tecnicamente, sem intervenções partidárias. Penso num projeto para quatro anos, quero ser prefeito e não político profissional. Sou radicalmente contra a reeleição”, anuncia.
Quem acredita na mistura de partidos após o processo eleitoral, administrando harmonicamente um município, sem distinção de ideologias ou cores de bandeiras, vigorando apenas a soma de esforços em prol do bem comum, vai aplaudir a proposta embrionária que vem sendo exposta por José Arthur num contato corpo-a-corpo envolvendo formadores de opinião e as pessoas que compõem a base da pirâmede social.
Nessas conversas que vinham acontecendo de maneira anônima perante a mídia, o empresário prega um rompimento com a prática antiga, uma ruptura com a cultura política brasileira.
“Quero um projeto político que seja universal, maior do que o simples político, que beneficie a todos de forma igual, que esteja acima de partidos políticos e que privilegie a competência, o técnico”, prega enquanto rabisca uma folha de papel sem parar, traçando planos e caminhos.
Para tanto, o empresário não apenas pensa em criar ou reativar tecidos sociais, mas, de forma mais explícita, e assumida como consequência necessária para administrar para todos, indistintamente, estender à política novos valores, a partir de interesses comunitários e atividade conjunta.
“A mim não interessa se um possível secretariado tenha titulares que pertençam a outros partidos políticos. Já falei que não quero ser político, mas sim prefeito. Quero comigo pessoas competentes, independente de suas convicções partidárias. É isso que vai importar”, afirma.
José Arthur propõe uma política que vai se construindo a partir de agora e que pretende ganhar corpo no período eleitoral, e, caso seja aceita, pretende ser alternativa àquelas que chama de “práticas viciadas”.
“Não consigo ver uma administração municipal sem a participação da Câmara de Vereadores como um todo, sem a parceria dos nossos deputados. Essa convivência, no meu modo de ver, é simples, desde que não haja conflitos políticos e prevaleçam os interesses da comunidade. É para isso que quero ser prefeito. Enquanto todos os pré-candidatos a prefeito estão querendo ser também candidatos a deputado no ano que vem, eu centro o meu trabalho na construção de uma possível candidatura a prefeito”, ratifica.
“Precisamos implantar o respeito aos adversários e a busca do diálogo permanente para que possamos promover o desenvolvimento do município”, prega.
“Não consigo ver a prática assistencialista, o toma-lá-dá-cá. Um dia desses um funcionário chegou e me perguntou se eu sou pré-candidato e disse que sim. Então me convidou para ir a uma festa e a doar um jogo de camisa. Disse que não iria à festa e que não daria o jogo de camisas. Ele foi embora decepcionado, mas dias depois retornou e disse que pensou bem e que eu estava certo. Então, tenho que acreditar que é possível essa mudança. Não vou me transformar naquilo que não sou. Não vou colocar uma máscara e depois não poder carregá-la. As pessoas têm que me conhecer e me aceitar como sou porque o meu propósito é bem maior do que tudo isso, é bem maior do que qualquer sistema”.
Planejando o futuro
Planejar a cidade com olhos para o futuro, visando um crescimento sustentável, onde seja preservada a qualidade de vida da população, é uma das preocupações de uma possível administração “capitaneada” pelo empresário José Arthur Gomes.
Tudo o que ele vislumbra para Guarapuava está dentro de um contexto de mudança profunda no estilo de administrar a cidade.
“Não basta querer administrar um município. Você tem que conhecê-lo – e eu conheço Guarapuava -, projetá-lo. Para isso já tenho uma equipe técnica com vasto conhecimento em todas as áreas que já discute Guarapuava, caso o meu desejo de administrar o municipio seja compartilhado pela população, tome corpo e viabilize uma futura candidatura. Hoje estou somente lançando uma ideia e vendo a receptividade por parte dos guarapuavanos”, afirma.
O pré-candidato aposta também que dá para fazer e ganhar uma eleição sem gastar “os tubos” de dinheiro. “Não vou depredar o meu patrimônio e nem quero fazer isso com meus amigos. Se assim fizesse já estaria começando mal”, observa.
José Arthur falou o que precisava ser dito, mas repetiu muito o seu desejo de ser prefeito e não em se transformar em político. Insistiu que vê que é possível administrar Guarapuava com uma equipe afinada, voltada para o trabalho, aliando competência com experiência.
Uma administração com a mente aberta para idéias novas, para inovar permanentemente. Um novo jeito de fazer política a partir do inédito, do inovador. Ele está convicto de que isso é possível, de que é capaz de tirar esse novo jeito do discurso para materializá-lo na prática. Basta acreditar e apostar!

Cristina Esteche

Jornalista

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