22/08/2023
Segurança

Autor de crime na Vila Planalto é condenado a 14 anos; testemunhas dizem ser ameaçadas

imagem-81006

Cristina Estechev- Foto: Promotor Vitor Hugo Honesko durante a acusação

O jovem Felipe da Silva Oliveira foi condenado a 14 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado. O julgamento por júri popular aconteceu nesta quarta (29), em Guarapuava.

No julgamento presidido pela juíza Carmen Mondin Monteiro, tendo o promotor Vitor Hugo Honesko na acusação e o advogado Irineu Vainer atuando na defesa, Felipe foi condenado pela morte de Valdenilson Guimarães, em 02 de fevereiro de 2012, na Vila Planalto. A vítima foi morta com quatro tiros, dois pelas costas, sem ter a chance de defesa, e por motivo fútil, conforme entendeu o Corpo de Jurados. O início de tudo foi uma briga no Bar do Polaca, na Vila Continental, entre a vítima e o autor dos disparos por causa de um copo de cerveja. De acordo com depoimentos, Valdenilson derrubou o copo em que Felipe estava bebendo e a confusão começou, tendo a vítima batido em Felipe com um taco de sinuca. Como represália, o condenado quebrou o carro de Valdenilson. “Dois dias depois da briga, o Val estava com dois revólveres e passou a dia dizendo que ia matar o Felipe, mas não fez nada. De repente, quando ele [Valdenilson] chegou na minha casa o Felipe desceu de uma moto atirando e matou o Valdenilson”, disse a ex-namorada da vítima Josiane Martins de Lima, à Rede Sul de Notícias.

De acordo com Rosalina Martins de Lima, mãe de Josiane e dona do Bar Chamego, anexo à residência, na Vila Planalto, ela estava tomando chimarrão na área da casa quando Valdenilson chegou. “Em seguida chegou esse Felipe e já foi atirando. O Valdenislon correu pra dentro de casa e morreu nos meus braços pedindo que eu não o deixasse morrer. Eu cheguei a pular nas costas dele para impedir que ele matasse o Valdenilson, mas ele continuou atirando. Meus dois netos, 06 e 12 anos, estavam na sala assistindo tevê e viram tudo”, relata à RSN.

Felipe fugiu em seguida, mas foi encontrado e está preso há um ano.

Testemunhas são ameaçadas de morte

O caso do homicídio envolvendo Felipe  da Silva de Oliveira e Valdenilson Guimarães, porém, fragiliza a segurança de duas testemunhas do crime. Dona Rosalina e a filha Joseane vem sendo ameaçadas de morte por um dos irmãos da vítima, Alexandre. “Ele já atirou por cima da minha casa só porque o Valdenilson foi morto lá. Eu não tenho nada a ver com essa história. Ele (Valdenilson) foi na minha casa porque namorava a minha filha”.

Rosalina diz que há anos está com depressão e que seu netos vivem com medo pelo trauma de terem assistido o crime. “Eu vejo o morto ao lado da minha cama, porque quando o crime aconteceu foi na porta do meu quarto. As pessoas não imaginam o que é uma pessoa morrer nos teus braços pedindo para que você não deixe ela morrer e depois segurar a tua mão e dar o último suspiro”. Rosalina diz que a última frase proferida por Valdenilson não lhe sai da cabeça. “Ele disse: Chamega não me deixe morrer! E eu não pude fazer nada."

De acordo com Rosalina, o medo maior é porque ela convive diariamente com irmãos, tios e primos da vítima e que disseram que vão vingar a morte de Valdenilson. “O Alexandre mora três casas depois da minha, mas a mãe dele já pediu para que me deixem em paz e mesmo assim as ameaças continuam”.

Segundo Rosalina, o desejo de vingança tem, também, Felipe como alvo. “Os Guimarães não devem ter sido avisados do julgamento e, por isso, não estão aqui. Pois disseram que no dia do júri esse Felipe não sairia daqui vivo. Eu já dei três voltas na quadra, mas nenhum deles está aqui”.

Felipe foi condenado a 14 de prisão em regime fechado. A defesa disse que vai recorrer da sentença.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.