22/08/2023
Cotidiano

Ativistas cobram estruturação da Delegacia da Mulher em Guarapuava

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Cristina Esteche

Palavras de ordem condenando a violência contra a mulher tomaram conta da Praça Cleve, passaram pela XV de Novembro e ganharam eco no Parque do Lago, no Centro de Guarapuava, na tarde deste sábado (15). Em três atos realizados na Praça Cleve, 9 de Dezembro e Parque do Lago, o apelo foi também para o aparelhamento da Delegacia da Mulher em Guarapuava, contra a discriminação e violência de mulheres negras e lembrando crimes fatais no município.

Cartazes espalhados pelo chão e nas mãos de ativiats, cruzes com os nomes das 12 mulheres assassinadas nos últimos anos em Guarapuava por companheiros e ex companheiros  simbolizavam a presença das vítimas no ato. As cruzes foram fincadas no chão do Parque do Lago, ponto turístico da cidade, em forma de protesto.

O movimento, chamado de A Marcha das Vadias, em sua segunda edição na cidade, atraiu também homossexuais dos gêneros masculino e feminino, simpatizantes e curiosos.

“Estamos aqui para protestar contra qualquer ato de violência, preconceito e discriminação”, disse Rafaela Mezzomo que junto com Aline Koslinski pertencem ao movimento nacional Mulheres em Luta. A principal bandeira, porém, é a contra a culpabilização da mulher pela violência da qual ela é a própria vítima. “Lutamos contra qualquer tipo de opressão, mas em especial por essa”.

A luta contra a homofobia e pelos direitos dos gays também ganhou espaço na marcha. Tiago de Souza, acadêmico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), , campus de Guarapuava, membro do coletivo Liberdade Colorida que está em formação na cidade e que já conta com 15 membros, junto com outros, deu visibilidade ao movimento. “Apoiamos todas as iniciativas que forem contra a opressão”, disse Tiago.

“Se o Papa fosse mulher seria a favor do aborto; uso o meu corpo da forma que quiser; quem não é machista pula e sai do chão”, foram algumas das frases “cantadas” pelos ativistas. Para quem estava de fora, observando, a mensagem não foi esclarecedora. “Eles protestam contra quem? As palavras não rimam muito bem”, disse Gorgonio Cardoso de Sá Filho, o “Baiano”.  Ele disse ser uma pessoa com pensamento livre, sem preconceito, mas fez observações. “Eles estão dizendo aí que o corpo é deles, que cada um faz o que quer e que são contra qualquer tipo de opressão, mas se amanhã uma delas encontrar um homem que lhe passa  a mão, como vão reagir”? O comentário feito por Baiano foi uma das várias intervenções feitas por populares à Rede Sul de Notícias sobre a manifestação.

A origem

A Marcha das Vadias surgiu a partir de um protesto realizado em  2011 em Toronto, no Candá, e desde então ganhou o mundo. Protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro teriam provocado a violência por seu comportamento. Por isso, marcham contra o machismo. Para chocar a sociedade, assim como o nome do movimento, as participantes durante a marcha usam não só roupas cotidianas, mas também roupas consideradas provocantes, como blusinhas transparentes, lingerie, saias, salto alto ou apenas o sutiã. Em Guarapuava a opção é por trajes extravagantes.

 

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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