22/08/2023
Segurança

CASO TAXISTA: Jovem é autuado por latrocínio e ocultação de cadáver

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Guarapuava – A violência e a banalização da vida tem preocupado a classe profissional dos taxistas. Diariamente, eles vivem o drama de saírem para uma corrida sem a certeza se voltam em segurança.
O episódio lamentável ocorrido na última semana com o taxista Romeu Andrade, 71 anos, mostrou que esses profissionais estão correndo risco de serem assaltados, torturados e mortos a troco de esmola.
Andrade desapareceu na quinta-feira (20), por volta das 17h30, quando deixou o ponto em que trabalhava na Rua Vicente Machado – próximo à Estação da Fonte – para a sua última viagem. Dois jovens com boa aparência chegaram ao local e pediram uma corrida até Pinhão, município onde residem. Escolheram o carro de Romeu, um Fiat Pálio Weekend, o quarto da fila.
“Eles não quiseram o carro que seria o da vez, mas como acontece muito disso, já que o cliente paga e tem direito de escolher o veículo que deseja andar, seu Romeu conversou com o nosso colega e ele disse que não tinha problema em ceder a vez”, conta um dos taxistas que trabalha no ponto, mas que prefere não ser identificado. Além de comovido e chocado com o crime, revelou que sente medo.
“A gente não sabe bem ao certo o que aconteceu, só posso dizer que ele era mais que um amigo, era como se fosse um pai, sempre aconselhando. Eu não consigo tirar ele da cabeça”, comenta.
Durante as duas primeiras chamadas feitas pelo Rádio Táxi, o motorista dizia estar bem, mas em seguida nenhum outro contato foi respondido. Na sexta-feira (21), por volta das 16 horas, o carro do taxista foi encontrado na Vila Dois Irmãos, em Pinhão, parcialmente carbonizado. O corpo de Romeu também apresentava queimaduras.
Um dos autores do crime, Julio César Correa Volupca (foto), 24 anos, foi preso em flagrante e encontra-se detido na 14ª Subdivisão Policial. Segundo a delegada-chefe da 14ª SDP, Maritza Haisi, o jovem vai responder por homicídio e ocultação de cadáver. “Já temos elementos para desclassificar o crime como latrocínio, que é um roubo com resultado de morte, é o crime mais grave do Código Penal, com pena máxima de 25 anos. O latrocínio não é apreciado pelo Tribunal do Júri, e sim pelo Juízo Comum, o que significa um trâmite mais rápido até a sentença final”, revela.
Já o adolescente F.I.M, de 17 anos, foi apreendido na terça-feira (25), após mandado para internação provisória por 45 dias. Ele está em um compartimento especial para menores da Delegacia de Pinhão e poderá pegar até três anos de internamento em uma instituição específica.
Segundo depoimento dos envolvidos, a intenção era usar o táxi para um roubo. “A idéia era assaltar um caminhão que estaria vindo de Santa Catarina com uma grande soma em dinheiro”, informa o delegado de Pinhão, Luis Alberto Vicente Castro.
No caminho, os dois renderam o motorista que foi amarrado e colocado no porta-malas do veículo. Depois de algumas voltas e sem terem conseguido concretizar o plano, a dupla, com receio de ser reconhecida, resolveu matar o taxista. Romeu foi asfixiado e levou vários golpes de faca. Em seguida, o corpo foi incendiado e abandonado na zona rural, a dois quilômetros do asfalto.
Através de algumas pistas, a polícia identificou e prendeu em flagrante Julio César. O jovem confessou o crime e entregou o adolescente. Na terça-feira (25), após ter se entregado à polícia, o adolescente contou mais detalhes do caso e mostrou aos policias os lugares onde haviam deixado os objetos pessoais da vítima.
De acordo com o delegado, depois que os dois colocaram gogo no automóvel, retornaram ao local para ver se o taxista tinha realmente morrido e para tentar dar fim às pistas. “Eles retiram as placas e enterraram perto de um riacho, e outros objetos da vítima foram jogando pelo mato”, diz Castro.
A polícia recuperou as placas do veículo, um Pálio Weekend, APO-8834, um potinho com moedas, chaves, cupons fiscais, uma bateria e uma luva de lã preta.
As investigações levaram a um terceiro nome, que foi apontado pelo jovem e adolescente envolvidos. Ele já foi ouvido pela polícia e negou participação, mas a polícia ainda não deu o caso por encerrado.

Cristina Esteche

Jornalista

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