22/08/2023
Saúde

Instituto Butantan quer produzir soro para ebola em parceria com os EUA

O Instituto Butantan, de São Paulo, deve firmar em breve parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) para produzir um soro que combate o ebola.

A doença, que é altamente letal e para a qual existem apenas medicamentos experimentais, já causou mais de 5 mil mortes e contaminou 14 mil pessoas em oito países. Considerada a pior epidemia desde que o ebola foi descoberto, em 1976, a situação levou a Organização Mundial da Saúde a mobilizar empresas de pesquisa e equipes de cientistas para trabalhar na busca de um medicamento que contenha o vírus.

De acordo com Jorge Kalil, diretor da instituição, "o acordo está praticamente fechado" e os testes em animais, além da produção do soro, devem começar no início de 2015. O instituto brasileiro já tem tradição na fabricação de imunobiológicos, usados para combater a raiva e o efeito de venenos de cobras.

PROTEÇÃO TRANSFERIDA

Diferente de uma vacina, que faz a imunização ativa do indivíduo, o soro cria uma imunidade passiva, ou seja, o anticorpo é transferido para uma pessoa ou animal e o protege da ação da doença.

A produção seguirá a mesma metodologia empregada na fabricação do soro antirraiva. A diferença é que, além do vírus da raiva atenuado, conterá ainda uma molécula de ebola, que deve criar anticorpos capazes de combater a doença.

Kalil ressalta que em nenhum momento será feito o transporte do vírus para o Brasil. “Tudo que se relaciona ao ebola será feito nos laboratórios dos Estados Unidos. Não vamos trazer o vírus para o país”, explica o diretor do Butantan.

Inicialmente, o soro será aplicado em cavalos. Se ocorrer a produção de anticorpos nos equinos, o sangue desses animais será filtrado, o plasma, retirado, e o anticorpo presente será isolado para testes.

Devem ser feitos experimentos in vitro e, posteriormente, macacos vão receber o soro experimental. “Se ocorrer a neutralização do ebola no macaco, vamos partir para análises com humanos. Os testes clínicos de toxicidade deverão acontecer em países mais afetados pela epidemia, como Libéria, Serra Leoa e Guiné. Tudo será acompanhado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, explicou Kalil.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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