22/08/2023
Cotidiano

Posseiros e sem-terra pedem apoio da comunidade

Pinhão – Nessa semana, representantes dos posseiros e dos assentamentos dos sem-terra de Pinhão visitaram algumas entidades colhendo assinaturas para compor um abaixo assinado de apoio à luta dos movimentos que buscam agilizar o processo de desapropriação de 20 mil hectares de terras, pertencentes à empresa Zattar.
A história de luta dos posseiros é antiga, e bastante conhecida da comunidade pinhãoense, desde a década de 40. Em 2007, a Zattar ofertou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), 20 mil hectares de terras para serem vendidas em adjudicação, ou seja, em troca de dívidas. A empresa se comprometeu a suspender as ações de reintegração de posse em andamento, e o movimento em não realizar novas ocupações.
No entanto, segundo o vereador e presidente da Associação da Agricultura Familiar de Pinhão (Afatrup), Júlio Machajewski, a empresa Zattar não cumpriu o acordo. “Eles não cumpriram a promessa de suspender as ações de despejo e não fizeram nenhum esforço para livrar as áreas dos ônus que pesam sobre elas, essa era a condição para que o Incra pudesse realizar a aquisição da área por processo de compra”, explicou ele.
Assim, foi considerado rompido o acordo, e o Movimento dos Posseiros se aliou ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra para pressionar o Incra a solucionar o problema. O Incra mudou o processo e pretende desapropriar as terras por meio de um processo chamado, Interesse Social.
Segundo Júlio esse é um processo mais rápido. “Estamos na expectativa de que isso realmente se concretize, por isso precisamos do apoio de toda a comunidade”, declarou.
Problema social
No último dia 26, João Wilson Narciso, representante dos posseiros, Valdecir de Paula e Maria Etelvina Correia, do Movimento Sem-Terra, percorrem várias entidades recolhendo assinaturas. Eles disseram que o abaixo assinado fará parte do processo e vai também comprovar que há interesse social para que a situação fundiária em Pinhão seja resolvida.
A área de 20 mil hectares deverá abrigar cerca de mil famílias, 600 famílias de posseiros mais 400 famílias sem-terra. “Se essas famílias fossem despejadas, teriam que abandonar suas casas e engrossar as periferias de Pinhão, ou ficar nos barrancos, o que causaria um grande problema social para Pinhão. Ao contrário, com a regularização fundiária, o município só tem a ganhar”, disse Júlio.
O posseiro João Wilson, que cresceu na comunidade de Buggio, disse que aguarda ansioso a desapropriação. “É angustiante, você viver com medo de ser despejado, fazer uma casa sem a certeza de que poderá viver nela para sempre. Agora estamos esperançosos que a coisa vai se resolver”, afirmou.
O grupo pede a colaboração de todos que puderem assinar o documento. Por enquanto eles farão visitas no comércio e entidades. “Esperamos ser bem recebidos, já recebemos o apoio informal de muitas pessoas, agora contamos com as assinatura, para que o processo seja agilizado”, disse o posseiro. (Fatos do Iguaçu)

Cristina Esteche

Jornalista

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