Senhores, saudações desde Búzios (RJ).
Depois de sete dias de navegação chegamos ao nosso tão esperado Brasil. De verdade, mas a maioria dos tripulantes estavam esperando ansiosos por isso. A esperança que o trabalho diminuisse, que os passageiros fossem mais tranquilos.
A minha vida tem sido assim: trabalho mais trabalho e mais trabalho. Por isso tenho andado um tanto quanto ausente. Mas o pior do que ter muito trabalho são as perguntas que temos que ouvir, muitas vezes só sorrir e pensar aiii como posso estar escutando isso. Senhores, se liguem nas coisas que perguntam, não façam feio. Aí vai algumas das muitas que escutei nesses últimos 15 dias. -Moça o deck seis fica no sexto andar? – Mocinha esse elevador sobe ou baixa? Como faço para chamar o elevador? ( resposta pensada… Grita pra ver ele escuta). – Vocês tripulantes dormem no navio? Não, tem um helicóptero todos os dias que nos busca em casa e trazem pra cá. .. – Vocês podem sair do navio? Não, passamos de seis a oito meses trancados no navio só para servir vcs. – Vocês dormem? Não, fomos contratados para ser robôs. Não comemos e não dormimos . – Onde está o restaurante do deck sete? – Qual é o número da minha cabine? como assim tenho a obrigação de saber a cabine de 2000 passageiros. Aí socorro. .. Pára o Empress que eu quero descer. Senhores fica a dica…. Até breve …