22/08/2023
Economia

Balança comercial tem pior resultado para novembro em 20 anos

Com a economia mundial ainda patinando e com a Argentina – um dos principais compradores de produtos brasileiros – mergulhada em uma crise econômica, a balança comercial brasileira teve no mês passado seu pior resultado para meses de novembro em 20 anos.

No mês, as importações passaram as exportações em US$ 2,35 bilhões. É o pior déficit da balança para meses de novembro desde o início da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 1994. Até então, o pior resultado para meses de novembro havia sido registrado em 1997 – quando houve déficit comercial de US$ 1,28 bilhão. Em novembro do ano passado, as exportações superaram as importações, resultando em superávit comercial, em US$ 1,73 bilhão.

Em novembro, as vendas para o exterior somaram US$ 15,64 bilhões e, com isso, despencaram 25% sobre novembro de 2013. Todas as categorias de produtos tiveram retração de exportações nessa comparação. As vendas de produtos básicos recuaram 25%; os manufaturados registraram queda de 31,7%; e as exportações de semimanufaturados caíram 6,2%.

Ao mesmo tempo, as importações somaram US$ 17,99 bilhões em novembro, com queda de 5,9% sobre o mesmo mês de 2013. Nesta comparação, caíram os gastos de bens de consumo (-9,3%), de matérias-primas e intermediários (-8,3%) e de bens de capital, que são as máquinas e equipamentos para produção (-8,1%). Ao mesmo tempo, cresceram as importações de combustíveis e lubrificantes (+9,8%).

No onze primeiros meses deste ano, informou o governo, foi contabilizado um déficit de US$ 4,22 bilhões na balança comercial brasileira. Com isso, o saldo deste ano teve piora frente ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado um déficit (importações maiores do que exportações) de US$ 268 milhões.

Também foi o pior resultado, para o período de janeiro a novembro, desde 1998 – quando foi registrado um déficit comercial de US$ 6,11 bilhões.

No acumulado de 2014, as exportações somaram US$ 207,61 bilhões, com média diária de US$ 898 milhões (queda de 5,7% sobre o mesmo período do ano passado). As importações, por sua vez, totalizaram US$ 211,83 bilhões, ou US$ 917 milhões por dia útil, uma queda de 3,9% em relação ao mesmo período de 2013.

Com o fraco resultado da balança comercial no acumulado deste ano, fica muito difícil a confirmação da expectativa do governo federal de que haja superávit em todo ano de 2014. Essa previsão foi divulgada, novamente, pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho, no início de novembro.

Pela série histórica do Ministério do Desenvolvimento, não é registrado um déficit na balança comercial brasileira, para um ano fechado, desde 2000 – quando as importações superaram as compras exterior em US$ 731 milhões.

Em 2013, a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 2,56 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 2000, quando houve déficit de US$ 731 milhões.

De acordo com o governo, a piora do resultado comercial do ano passado aconteceu, principalmente, por conta do serviço de manutenção de plataformas de petróleo no Brasil, que resultou na queda da produção ao longo de 2013, e pelo aumento da importação de combustíveis para atender à demanda da economia brasileira.

A expectativa do mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é de piora do saldo comercial. A previsão dos analistas dos bancos é de um saldo zero nas transações comerciais do país com o exterior.

Já o BC prevê um superávit da balança comercial de US$ 3 bilhões para 2014, com exportações em US$ 240 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 237 bilhões.

Cristina Esteche

Jornalista

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