22/08/2023
Cotidiano

Uma trajetória de sucesso: o pedreiro que virou empresário

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* Por Cristina Esteche

A trajetória do empresário José Guilherme Haag, 66 anos, se funde ao crescimento de Guarapuava. Responsável pela construção de mais 100 obras na cidade, para os poucos que conhecem a sua história, é impossível olhar para muitos edifícios, casas e lojas, sem ver o trabalho do Nene, como é conhecido um dos sócios do Tijolão e da Construtora Trianon. E para encerrar a carreira na construção civil, o pedreiro por vocação, “enche os olhos” para contemplar o Versalhes, um edifício de 10 andares, 32 apartamentos, agora pronto, mas que levou 22 anos para ser construído.

Cidadão conceituado em Guarapuava, cidade que escolheu para viver e onde aportou em 13 de janeiro de 1968, vindo de Ponta Grossa, trazendo “uma malinha, uma caixa de ferramentas e uma esposa de 15 anos e grávida”, o jovem de 19 anos se transformou num empreendedor de sucesso.

Nene veio para começar a vida como construtor, aproveitando a experiência que adquiriu com o pai desde os 13 anos de idade. No final daquele mesmo ano de1968 entregou sua primeira obra, em frente a antiga Rodoviária, onde hoje é o terminal Estação da Fonte. “Com o primeiro salário ele já conseguiu alugar uma casa e começou a mobiliar dentro das possibilidades, relembra o engenheiro civil Joaquim Bavaresco, que era responsável técnico da Construtora Haag, fundada em 1974.

“Em Guarapuava só não trabalha quem não quer. Basta ser honesto e trabalhador que a cidade oferece todas as oportunidades para você crescer. Hoje quando saio por uns dias e retorno, vejo a linda cidade que outrora me abriu os braços e ainda abre o coração para receber”, diz o construtor.

ESPIRITO EMPREENDEDOR

O espírito empreendedor dos dois amigos não parou na Construtora Trianon.

Em 1994 em uma área de propriedade do Bavaresco e onde, em princípio, seria construído um shopping center, Joaquim e Nene fundaram o Tijolão, loja de revenda de materiais de construção que em novembro completou 20 anos. Já com a pequena loja em obras no terreno, convidaram o amigo Abrão Nassar para ingressar na sociedade do que é hoje o Tijolão, nome fantasia da Brasmaco Materiais de Construção.

Na loja a participação de Nenê também é fundamental. Responsável por parte das compras, área de pessoal e financeira, o profissional cursou apenas até a terceira série do ensino primário. No Tijolão é responsável até hoje pelos cálculos dos orçamentos de materiais dos clientes e elabora com o engenheiro e sócio, cronogramas físico-financeiro para obtenção de linhas de financiamento de seus clientes junto a bancos e entidades de crédito. “Faço estes cálculos com muita facilidade, graças a experiência adquirida ao longo do tempo como construtor.”

Quando acaba de contar a sua história, após mostrar os detalhes de cada andar, já de volta ao portão de entrada do prédio que se ergue imponente no bairro Santa Cruz, Nene olha para o alto e não esconde a realização. “Eu peguei no barro desta obra, acompanhei tudo e agora o prédio está pronto. Eu nem acredito. Agora posso me aposentar”.

PARCERIA QUE DURA 37 ANOS

Nene, que já era sócio do seu pai na Construtora Haag, em 1988 criou com o amigo Bavaresco a  Construtora Trianon. “Em 1992 o Joaquim lançou três edifícios: o Mônaco que foi vendido na terceira laje, o Toulon, que não chegou a sair do papel e o Versalhes, só concluído agora por questões financeiras dos condôminos”. Os “sócios” no empreendimento pagavam então 300 cruzeiros velhos e hoje terminam o prédio com uma contribuição mensal de R$ 1,3 mil.
“Quando começamos éramos jovens ainda com cabelos pretos”, diz Nene referindo-se aos cabelos brancos do “irmão” e sócio. “Eu conheci o Nene quando eu era chefe de conservação ferroviária da estrada de ferro Ponta Grossa –Guarapuava e recém pós-graduado em Ferrovias pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, onde obtive a 1º colocação naquele ano. Esta parceria já dura 37 anos”, diz Joaquim.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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