Cristina Esteche
A cidade é mesmo camaleônica. Basta ficar algum tempo sem ir a determinado lugar para saber que, ao retornar, surpresas e mudanças serão vistas em vários locais.
No Jardim das Américas, um dos locais mais pobres de Guarapuava, a vida agora pulsa num compasso diferente. Em meio às casas simples – a maioria repleta de lixo reciclável no espaço vazio – é possível perceber que os moradores trabalham como operadores ecológicos. Muitos são diaristas. “Ah! Dá pra tirar uns R$ 250 por mês”, diz Otavio Nunes, pai de quatro filhos. É justamente para as crianças como as do “seo” Otávio que a administração municipal está construindo o Centro de Artes.
De acordo com o mestre de obras Claudinei Oliveira, o prédio de três mil metros quadrados de área construída vai oferecer cineteatro com capacidade para 60 lugares, além de salas para telecentros, salas de multiuso, biblioteca, espaço para o CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), banheiros adaptados, espaço para convivência, área administrativa, copa, cozinha e refeitório. Entre um bloco e outro, terá espaço para a pista de skate, quadra poliesportiva, mesas para xadrez e academia ao ar livre.
O espaço é aberto à comunidade e vai oferecer cursos de qualificação profissional e de geração de renda para a jovens e adultos.
Em outra extremidade, a obra da creche entra em fase final. Ela vai beneficiar crianças do Jardim das Américas e do Paz e Bem.
“Ih! Este lugar mudou muito"
O homem com 73 anos de idade já perdeu a visão de um dos olhos, mas ainda lê na memória a época em que se mudou para o Paz e Bem há quase 30 anos.
“Ih! Este lugar mudou muito, principalmente nos dois últimos anos quando o asfalto passou nas ruas”. Luiz Alves é aposentado e, solícito, lembra quando foi uma liderança responsável pela organização dos moradores em busca de água tratada e de energia elétrica. “Quando mudei pra cá, a gente pegava água de um poço que fica ali, mas depois de muitas reuniões conseguimos água e luz”, conta. “Agora veio o asfalto, a creche para os nossos netos, o Centro de Artes pra gurizada – e não foi preciso nem pedir”, emenda a esposa, Lurdes.
Vivendo com um dos filhos e com a nora, o casal cria quatro gatos, mas é à “Polaca” que “seo” Luiz é mais apegado.
“Essa aqui não me larga nunca, nem quando pego a carroça pra ir catar papelão”, diz, enquanto acaricia a cadelinha branca. Sorridente, dona Lurdes expõe como gosta de viver onde mora. “A minha alegria é ter meus netos, minha casa, ver o meu filho construindo ali atrás e o nosso bairro crescer. Sou feliz aqui e não troco este lugar por nada, principalmente agora que o prefeito está melhorando a nossa vida”, diz.