A caneta vazia transpira o ardor da palavra contida.
Uma tentativa pávida de um parvo no interlocutório da mente aprisionada.
Uma voz louca.
Duas vozes roucas.
Três louca da mente.
Um sorriso parado no semáforo a olhar as cores que mudam. Eu eu, mudo. Eu mudo.
O tráfego do sentir oscilante entre o pressentimento do que nunca foi, do vir a ser, será?
Rompo a palavra organizada, o raciocínio concatenado, embalado por Biscaya, de James Last, agarrado à sonoridade que me conduz, vendo-me antagônico, paradoxal, antítese do meu acelerado pensamento, a verve do verbo desapegado, a língua travada nos três tristes tigres, o soar sonâmbulo de um vagar pelos letreiros das placas luminosas das cidades “coalhadas” de caras, que vomitam o ódio da solidão, que misturam progesterona à testosterona sem química nenhuma, sem algo além, nada, ali, alhures, corpos alados em céus carnavais.
Pego-me querendo voltar ao meu estado de "normalidade" (animalidade, diria) em continência ao maioral do absolutismo ao qual jurei depositar suas cinzas sob um mausoléu onde cantareis, vós, hinos de louvor à liberdade. Um réquiem à estupidez dos que clamam por ditaduras, fazendo uso daquilo que os ditadores mais odeiam, o direito de falar.
É da palavra que trago o traço do texto desalinhadamente desenhado em minhas placas mentais. É dessa seiva que me embriago e percebo que minha vontade de manobrar tantas outras línguas, esmorece ante a constatação do quão há a se descobrir entre os profetas lusofanos com sua verborragia desconexa, camaleônica, a quebradura do verso rimado, a redescoberta da leitura na profusão de letras, códigos, caracteres, da palavra mal dita ou mais que maldita, dependendo do olhar de quem a contempla.
As contradições humanas embalam o ser humano.
E o verso se fez calado e habitou entre nós.