22/08/2023
Política

Pela janela, engraxate vê a clientela passar

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Cristina Esteche

Quem passa pelo Calçadão da rua XV de Novembro e olha para o quiosque  de engraxataria, deve conhecer, ou pelo menos, ter visto, um dos mais tradicionais profissionais da área.

Há mais de quatro décadas, sem se importar com a deficiência física, Albino Vaz, 70 anos,  sai diariamente da casa onde mora, no Bairro Santana em Guarapuava, e de ônibus, vem para o local de trabalho, no Centro da cidade.

Na mesma medida que ele vê Guarapuava crescer e se modificar, ele também se depara com a inanição que consome o seu afazer. "Hoje muita coisa está mudando. As pessoas não sentam mais para engraxar sapatos, jogar conversa fora". Segundo o engraxate, somente "os mais antigos" ainda tem esse hábito. "São duas pessoas por dia, quando tem cliente. A maioria prefere deixar os sapatos aqui e vir buscar depois".  

Com o mudar dos tempos, os costumes também se modificam. "Hoje são poucos os que usam sapato. Os mais novos só usam tênis. E isso não dá pra engraxar", comenta, abrindo um largo sorriso.

Enquanto a clientela se vai, Albino vê o tempo passar pela janela do quiosque construído na gestão do ex-prefeito Cesar Franco. "Este local é uma coisa muito boa porque antes eu engraxava na antiga rodoviária. Quando mudaram lá prá entrada da cidade ficou muito longe. Aí engraxava no King Bar, mas fechou. Na rua havia sol ou chuva. Aqui a gente fica abrigado". 

Ganhando R$ 10 por dia para engraxar dois pares de sapato em média, o que lhe rende cerca de R$ 200 por mês, Albino Vaz conta com o dinheiro da aposentadoria para sobreviver.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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