22/08/2023
Cotidiano

Tradição de malhar Judas se mantém

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Lizi Dalenogari, da Redação

O sábado de Aleluia, além do pagamento das Aleluias adquiridas na sexta-feira Santa, também é dia da malhação de Judas, tradição em todo o país, trazida pelos espanhóis e portugueses para toda a América Latina, e mantida por alguns guarapuavanos. Com o passar dos anos, apesar de ter reduzido consideravelmente, a tradição continua viva para algumas famílias em Guarapuava.

Um corpo estendido no chão é identificado por Judas no sábado de Aleluia

Adultos e crianças ajudam a confeccionar os Judas que é ‘jogado” nas casas escolhidas na madrugada do sábado de Aleluia. “Eu quase morri de susto. Era 1 e meia da manhã quando gritaram o meu nome e saí correndo para fora. Como tenho filhos e netos, já saí apavorada. Vi um corpo estendido na escuridão, perto do meu portão. Gelei da cabeça aos pés. Um amigo nosso tinha dito ontem que ia se matar e logo pensei nele. Meu Deus do céu, que susto. Achei que o infeliz tinha se matado no meu terreiro”, diz rindo a moradora do Morro Alto que prefere não se identificar, já que sabe do tamanho da gozação que receberá dos amigos e familiares.

Diolão diz que fizeram um Judas em homenagem ao amigo, o Marcos, mais conhecido como Broca. “Fizemos ele careca e com os braços curtos, para homenagear nosso estimado amigo”, brinca. Quando a equipe da  Rede Sul de Notícias fotografava o “Judas Broca”, a família do premiado com a brincadeira continuava dormindo. Certamente quando acordarem a brincadeira deve continuar com a malhação do Judas.

Nos relatos bíblicos, Judas Iscariotes, que integrava o grupo de apóstolos de Jesus, foi o responsável por entregá-lo aos soldados que o levaram para ser crucificado. Judas indicou Jesus com um beijo no rosto. Pela traição, o apóstolo recebeu 30 moedas de ouro. A passagem bíblica marca um dos maiores casos de traição da história da humanidade e, por isso, faz os cristãos, ano após ano, reviverem a cena.

Na tradição católica, os fiéis também celebram hoje o sábado de Aleluia. Nas missas, o clima triste, que ontem marcou a morte de Cristo, dá lugar às festividades que anunciam a ressureição de Jesus, que será comemorada amanhã, no domingo de Páscoa. Depois os católicos se preparam para a festa de Pentecoste, data que marca os 50 dias após a Páscoa e relembra a vinda do Espírito Santo sobre a igreja.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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