22/08/2023
Saúde

Paciente em fase terminal quer ser atendida

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Lizi Dalenogari, da Redação

A equipe do Ambulatório de Curativos do município de Guarapuava vem se destacando pelo atendimento humanizado que vem praticando nos últimos meses, desde sua inauguração há menos de 1 ano.

Prova disso, além dos inúmeros depoimentos favoráveis prestados por pacientes, é o depoimento de uma paciente em fase terminal de câncer (não divulgaremos o nome para poupar amigos e familiares) que não abre mão do atendimento da equipe. “Eu vou morrer em breve, sinto isso e meu corpo dá sinais evidentes, mas quero morrer sendo atendida por vocês (equipe). Meus curativos só vocês que fazem”, enfatiza emocionada a paciente já desenganada pelos médicos. Ela tem metástase, basicamente quando as células cancerígenas desprendem do tumor primário (não é uma regra) e entram na corrente sanguínea ou no sistema linfático. No caso específico desta paciente, o câncer já se espalhou por vários órgãos como rins e pulmões.

Para ela o ambiente, as brincadeiras, o cuidado e a atenção são bálsamos reconfortantes que a fazem ter o desejo de sempre voltar. “Chego aqui com dores terríveis e até esqueço temporariamente delas. Estas garotas tem o poder de fazer isso”, brinca.

Em muitos casos pacientes chegam constrangidos ao ambulatório com receio de serem discriminados. “Se sentem constrangidos com a própria família muitas vezes. O cheiro das feridas e o mau aspecto os envergonha, eles nos contam. Tive um pacientinho aqui que não mostrava a perna para a mulher e filhas há mais de 8 anos, de vergonha. A ferida era imensa e cheirava a podre devido ao alto grau de infecção.  Agora imagine o constrangimento de chegar em um hospital ou posto e ser discriminado pelo próprio agente de saúde?”, questiona Rosangela Rech, enfermeira responsável pela equipe do Ambulatório de Curativos.

Para Juarez dos Santos, de Prudentópolis não há lugar e nem profissionais como estas em qualquer lugar. “Somos privilegiados. Costumo dizer que é fácil falar do que é ruim, mas elogiar o que é bom poucos fazem. Até para o próprio funcionário da área de saúde é desanimador quando ele procura fazer o melhor e o povo só faz reclamar. Porque não usamos a gentileza, o bom humor para tornar o ambiente mais leve, como elas fazem aqui? Aí ta o resultado. Bom para elas, melhor ainda para nós”, enfatiza Juarez que já acabou o tratamento e agora acompanha amigos que precisam. “Amigo de verdade indica o melhor”, diz.

 

 

 

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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