22/08/2023
Segurança

12 mulheres são agredidas por mês no Pinhão

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12 mulheres são agredidas por mês no Pinhão
No último dia 19, acadêmicos da Unicentro estiveram em Pinhão, onde realizaram uma ação do projeto “Entre João e Maria: Conversando com a Lei Maria da Penha”, integrante do programa Universidade Sem Fronteiras. O grupo percorreu alguns locais de grande movimento na cidade como a Avenida Trifon Hanycz e as ruas Sete de Setembro e XV de Novembro, distribuindo panfletos e cartilhas com diversas informações sobre a Lei Maria da Penha.
“Entre João e Maria: conversando com a Lei Maria da Penha” é um projeto da Incubadora de Direitos Sociais do Programa Universidade Sem Fronteiras. Criado em 2007, seus objetivos são divulgar, promover e efetivar a Lei Maria da Penha através de ações como palestras, reuniões, panfletagens e visitas.
O coordenador do projeto, José Ronaldo Fassheber, professor da Unicentro, destaca a importância de ações como esta. “Graças às palestras e ao trabalho de divulgação, percebemos uma mudança de comportamento das mulheres. Muitas desconhecem a lei, têm vergonha ou medo de denunciar. Mas temos notado um aumento no número de denúncias em todas as classes sociais”, afirma.
Em Pinhão o registro de ocorrências de violência doméstica geralmente praticado contra a mulher é tarefa da Delegacia de Polícia, visto que não existe no município um órgão exclusivo para esse atendimento como a Delegacia da Mulher.
Segundo informações do delegado, Luiz Alberto Vicente de Castro, a delegacia registra uma média de 12 casos por mês. “Esses atendimentos, são entre os flagrantes e os inquéritos instaurados, ou seja, casos em que alguém chama a polícia, ou que vem até a delegacia para denunciar”, disse.
Para ele, esse é um problema social e cultural. “Muitos dos casos ocorrem por pura ignorância, muitos homens acabam descarregando nas mulheres seus fracassos. E por outro lado, muitas mulheres desconhecem a Lei e não buscam seus direitos”, disse Castro. O delegado conta que na maioria das vezes é a própria mulher que acaba pagando a fiança do agressor quando este é preso. “Se for pego em flagrante, o agressor é preso e estimula-se uma fiança com base em sua condição financeira e na gravidade do delito, acontece muitas vezes de que no dia seguinte, a mulher vir pagar a fiança para que ele seja solto. Isso acontece porque ainda hoje muitas mulheres dependem financeiramente do homem”, explica.
Castro ressalta também que a maioria dos casos registrados ocorre em famílias de baixa renda, porém não é uma estatística real. “Aparece mais os casos em famílias de baixa renda, mas isso não descarta que a violência doméstica aconteça também nas classes mais elevadas. Muitas mulheres acabam escondendo da sociedade as agressões que sofrem dentro de casa por medo da exposição”. Para o delegado isso é um erro, pois a mulher acaba se prejudicando e incentivando o agressor.
Para ele é mais do que necessário que no município seja posto em prática algum departamento que cuide de orientar a população sobre esse tema. “Aqui não tem nem mesmo um local que dê apoio, é preciso orientar tanto as mulheres como os homens. O trabalho social é muito importante, a violência doméstica não é apenas agressão física entre marido e mulher, vai além disso”, disse ele.
Nossa reportagem conversou com a pinhãoense M. A. 37 anos, que há dois anos e meio sofreu com as agressões físicas e morais do companheiro. Ela conta que quando o companheiro não a agredia fisicamente, fazia ameaças contra ela e os filhos. “Ele dizia ia matar as minhas crianças”, conta ela.
A vítima só tomou uma atitude depois que as ameaças se tornaram reais. Numa noite ele tentou bater em uma de suas filhas. Ao tentar salvar a criança, ela conta que foi brutalmente agredida. “Fiquei toda machucada, com o olho roxo, então decidi ir na delegacia”. O agressor não chegou a ser preso, mas um inquérito foi aberto. Hoje M. A. não vive mais com o agressor.
Segundo ela, seria muito bom se houvesse um local que desse apoio às mulheres que sofrem com os maus tratos dos maridos. “Você fica desnorteada, não sabe a quem recorrer, a gente tem medo de que denunciando, as coisas fiquem piores, mas quero dizer às mulheres que não percam a coragem e denunciem, porque assim se consegue parar com a violência”, aconselha.
(Fatos do Iguaçu)

Cristina Esteche

Jornalista

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