22/08/2023

Água

Semana passada tratei aqui sobre a grande rodada de quarta feira da Libertadores da América e da Uefa Champions League, onde entre outros assuntos comentei sobre a possibilidade dos portugueses do Porto jogarem água no chopp no Bayern de Munique.

Uma semana depois os alemães comemoram mais do que nunca com muito chopp, enquanto o porto voltou para casa com água nos olhos. Por falar em água, o que será que tem na água da Alemanha e da Baviera, que faz com que tantos jogadores de qualidade brotem por lá.

O que o Bayern fez na ultima terça foi algo simplesmente fantástico, além de corrigir os defeitos apresentados na partida de ida, o time também se mostrou capaz de passar por cima de todas as dúvidas colocadas pela imprensa sobre a qualidade do grupo e o ambiente no vestiário.

Afinal, uma vitória por 6 a 1 é uma verdadeira enxurrada que destrói qualquer resquício de duvida sobre o time alemão e o coloca em posição de favoritismo no maior torneio de clubes do mundo. Por outro lado, a goleada alemã é quase um sinal de Tsunami no Brasil, trazendo a tona novamente o fantasma do interminável 7 a 1.

O futebol viçoso apresentado pelo Bayern, cujo  elenco é formado por boa parte dos jogadores que estiveram em campo no Mineirão naquele fatídico dia, expõe as deficiências crônicas que afundaram o futebol brasileiro e o fazem permanecer ancorado.

Apesar de serem claros e cristalinos, os problemas do futebol brasileiro não tem nada a ver com água, com exceção dos clubes paulistanos que também sofrem com o desabastecimento da Cantareira, assim como as virtudes alemãs nada tem a ver com os sais minerais do Rio Danúbio. A questão toda é sobre gestão.

Enquanto na Alemanha os clubes são geridos de maneira séria, o futebol e o esporte são aspectos importantes da sociedade e são tratados da maneira como devem, os jovens são incentivados e tem todo o aporte necessário para desenvolver suas habilidades, os estádios estão sempre cheio, os torcedores são respeitados e a federação busca realmente o desenvolvimento do futebol. No Brasil torcidas são sinônimos de crimes, as federações, confederações e órgãos relacionados ao esporte são verdadeiras piadas (vide o TJD-RJ onde o relator do caso da suspensão de Fred postou várias piadas desrespeitando o atacante e o Fluminense, ou até mesmo a Federação Carioca de Futebol que após um racha vem claramente perseguindo alguns clubes enquanto favorece outros) a arbitragem é péssima ( Sandro Meira Ricci que o diga), os clubes vivem endividados e são incapazes de lotar seus próprios estádios.

Realmente o horizonte a vista para nós brasileiros não é nem um pouco animador. Se medidas radicais e eficazes não forem tomadas em breve, continuaremos a discutir isso e procurando entender o 7 a 1 de dentro e no fundo do poço, onde a água já bate no pescoço.

Cristina Esteche

Jornalista

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