22/08/2023
Geral

Professores e alunos de Guarapuava foram feridos em Curitiba

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 *Por Taís Nichelle

De acordo com o dicionário, confronto significa ato ou efeito de confrontar, comparar, cotejar; confrontação, comparação. Partindo dessa definição, classificar o que aconteceu com os professores e alunos na tarde desta quarta-feira (29) como confronto é mais que falta de interpretação, é uma irresponsabilidade. Não houve igualdade, não há como comparar. Apenas uma das partes envolvidas estava armada. Os manifestantes estavam totalmente indefesos. Houve, portanto, um afronto (para não dizer massacre), onde cerca de 200 pessoas foram feridas por aqueles que deveriam zelar pela sua segurança: a Polícia Militar. Entre os feridos, 12 são alunos e professores da Unicentro (Guarapuava), que se deslocaram até a capital para impedir a aprovação do Projeto do Paraná Previdência.

Em Assembleia da Adunicentro, nesta quinta-feira (30), professores e alunos homenagearam os representantes que estiveram presentes no manifesto de ontem (29). Em um microfone disposto na frente do palco, eles discursaram, testemunhando a violência que presenciaram. “Não consigo entender a atitude da polícia. Não houve tentativa de invasão. Estávamos parados, quando ouvimos o anúncio do início da sessão e imediatamente os policiais começaram a nos atacar, sem nenhum motivo ou aviso prévio”, declara Braulio Galhardo Junior, acadêmico do curso de História da Unicentro. A mesma indignação está entalada na garganta da professora de Geografia da Unicentro Desirée Pascoal de Melo: “Nós imploramos para a polícia parar com o ataque, não estava havendo resistência da nossa parte”, relata ela, contrariando as declarações das autoridades de que a polícia apenas defendeu a Assembleia Legislativa.

De acordo com as testemunhas, não foram apenas os professores e alunos que sofreram com os ataques. “Havia crianças caídas, pessoas idosas… Gente que nem estava no Centro Cívico manifestando também foi atacada pela polícia, não havia nenhum critério de seleção: queriam machucar todo mundo. O pior é que nem socorrer as pessoas nós podíamos, porque a polícia se aproveitava disso para jogar mais bombas”, conta a acadêmica do Curso de Jornalismo Aline Koslinski. De acordo com o professor de administração Geverson Grzeszczeszyn, também houve censura: “Não nos permitiam gravar ou fotografar a situação. Se eles julgavam correto o que estavam fazendo, por que nos impedir?”, desabafa o docente, expressando toda a sensação de impotência e humilhação que inunda os professores paranaenses. Já a tirania, essa saiu vitoriosa. Não só pelo resultado da Assembleia, mas principalmente pela derrota da educação, o seu único e poderoso antídoto.  

Cristina Esteche

Jornalista

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