Em se tratando do Paraná e de nossa cidade, não espero nenhum milagre, nada algo messiânico, mas tenho que reconhecer que a sociedade paranaense está grávida de um novo agir político. Esta nova postura, incomum em outros tempos, de não deixar-se aprisionar pelas atuais forças políticas, está em crescente e pode resultar em consequências que espero serem mais positivas que negativas.
A crise política em que estamos metidos, em alguns casos, produziu uma nova modalidade de comportamento, mas via de regra expôs situações subjetivas que a muito tempo guardávamos ou até ignorávamos e que se aproximam de uma objetividade sem precedentes.
Penso que a cruzada contra o poder pelo poder que muitos de nós estamos fazendo, defendendo e fincando posições, não se concretizará no ideal (em um bom governo), mas com certeza poderá nos recolocar em condições razoáveis de um novo habitat entre governantes e governados, uma vez que neste momento o que impera é a incerteza.
A ruptura com a representatividade está profundíssima e o atual sistema político (mesmo com reforma ou com pseudo-reforma) como fórmula de governo, não tem servido mais.
Começa a crescer em algumas pessoas que convivo o sentimento de que é preciso (mesmo não gostando) participar do processo eleitoral. Algumas pessoas, em especial, se veem forçadas a se constituir como filiadas em algum partido para tentar reconduzir as coisas em condições razoáveis.
O que é algo razoável neste viés político? No mínimo recuperar o espaço daquilo que um dia já chamamos de comum ou de mais comum, mais público, mais transparente.
A frase de Bertolt Brecht vem ao encontro da máxima que quero aqui defender: “que tempos são estes, em que é necessário defender o óbvio [o razoável]?”.
Ora, está provado por a + b que ficar alheio ao sistema não é a saída. Por esta razão ainda acredito que possa existir uma dialética do contrapoder que garanta que as coisas funcionem melhor e se evitem abusos.
Embora minha posição esteja mais para quem observa o que se passa, evitando assumir uma opção daquilo que está aí [infelizmente o quadro hoje é deprimente, uma vez que as atuais opções não empolgam e não nos convencem], tenho como horizonte que é preciso optar por aquilo que seja melhor.
Como bem afirmou Fernando Gabeira “Será difícil achar a luz no fim do túnel se não decidirmos, pelo menos, em que direção procurá-la”.
Sendo bem realista, entre todos os que estão aí no ambiente político, é preciso se definir por uma política que vise ser alternativa e que, destacadamente, nos permita acreditar que tal alternativa possa ser traduzida em realidade, ao menos 30%. Não queremos muito, mas preferencialmente, o razoável.
Pois bem, o fato é que mesmo que a situação do Brasil parece como se nada possa acontecer ou ser mudado, precisamos nos movimentar na direção contrária. Assim, se não há solução, não tem problema.