Da Redação
Casos de assédios moral e sexual em Guarapuava provocam a organização de comissões específicas para tratar do tema. A decisão foi tomada durante debate promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres de Guarapuava, em parceria com o Laboratório de História Ambiental e Gênero da Unicentro. A iniciativa reuniu professores, universitários, servidores públicos e ativistas de organizações de mulheres na sala de eventos da Unicentro.
Sob a mediação da advogada da Secretaria da Mulher, Luana Esteche Korocoski, a procuradora do Ministério Público do Trabalho em Guarapuava, Cibelle Costa Farias, a coordenadora do LHAG, Dra. Luciana Klanovicz e o diretor de ação pedagógica da Pró-Reitoria de Ensino da Unicentro, Dr. Jó Klanovicz, debateram sobre a realidade guarapuavana de casos de assédio sexual e moral nas relações de trabalho e não deixaram de lado o tema sobre as relações abusivas entre professor e aluno.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho incentivou as vítimas a denunciarem os casos: “muitas mulheres que são assediadas sexualmente se encontram em uma situação tão vergonhosa que acreditam não ser necessário dar publicidade e sequência às denúncias, mas eu digo que enquanto o assediador não tiver algum tipo de punição ele não irá parar. Quantas vítimas precisará haver até que ele pare?”. Segundo a procuradora, muitas mulheres preferem sair do emprego a denunciar, porém isso faz com que a prática do assédio permaneça naquela empresa ou instituição. “Sabemos que existem inúmeros casos desse tipo de assédio em Guarapuava que precisam ser denunciados porque hoje existem muitos canais de acesso e instituições que cuidam dos direitos sociais, como o próprio Ministério Público de Trabalho e a Secretaria de Políticas para as Mulheres de Guarapuava”.
Luciana Klanovicz, coordenadora do LHAG, apresentou exemplos de situações de assédio sexual que acontecem no ambiente universitário e lembrou que existe uma cultura do silêncio acerca desses problemas. “O que existe nos ambientes de trabalho e acadêmicos é um silêncio cultural em não tratar sobre esses assuntos polêmicos. Não podemos compactuar com esse silêncio, muitas mulheres sofrem com o assédio e isso traz um impacto na vida delas, que sentem-se humilhadas, envergonhadas, adoecem e, muitas vezes, ainda sentem-se culpadas”.
O público também participou do debate apresentando casos concretos de assédio. Diante do exposto, surgiram sugestões de criação de comissões centrais de escuta qualificada, acolhimento sigiloso e encaminhamento jurídico para os casos, conforme a realidade de cada instituição. O professor Jó Klanovicz, diretor de ação pedagógica da Pró-Reitoria de Ensino da Unicentro, disse que, na instituição, uma comissão permanente de gênero e direitos humanos está sendo formada. “Até o final de 2015 queremos contar com uma comissão permanente na produção de material educativo e orientação para os diversos casos”.
A prefeita em exercício, Eva Schran, presente no evento, destacou algumas das ações desenvolvidas pela Secretaria de Políticas para as Mulheres para combater esses tipos de assédio. “Desde 2013 a Secretaria promove ações orientando a população, principalmente de mulheres, sobre o que é o assédio sexual e moral nas relações de trabalho. Não podemos admitir que a partir da existência de um órgão público específico de políticas públicas em prol das mulheres ainda aconteça esse tipo de crime e ele permaneça no silêncio, precisamos e podemos agir”.
A Secretária interina de Políticas para as Mulheres, Adriele Inácio, comemorou os resultados da mesa redonda. “Nossa proposta era justamente esclarecer aos participantes sobre a legislação que trata como crime o assédio sexual e moral, além de explicar os procedimentos e incentivar as denúncias”, comemora.
Para encerrar os debates, a procuradora do Ministério Público do Trabalho, também lembrou aos participantes sobre o canal online de denúncias do Ministério Público do Trabalho. “Precisamos das denúncias para podermos agir e acabar com essas práticas”.
O canal de denúncias do Ministério Público do Trabalho pode ser acessado pelos links: www.prt9.gov.br ou www.mpt.gov.br.