22/08/2023

Vive-se um deserto. E o que se faz enquanto isto?

De frases e verborragia estamos cheios. Da mesma forma, estamos saturados de especulações e de prognósticos acerca do dia seguinte. A perversidade, entretanto, reside no fato de que em nosso País os partidos de oposição não querem que nada se resolva agora (como fim de sepultar o atual staff) e o Governo não tem conseguido sair do pântano que ele mesmo criou.  Está faltando, por um lado, vontade para colaborar com País e, por outro lado, conteúdo para um fazer concreto.

Não é só o Governo que está desorientado e desfocado de perspectiva, a política nacional erra o alvo e evidencia sinais de esgotamento e perda de resolutividade.  A insegurança se espalha.

E o que se faz enquanto isto?  O que se pode fazer neste período mórbido e cinzento? Se não quisermos confundir as coisas e colocar tudo em risco, precisamos salvar algumas situações menores que podem ser úteis para uma mudança estrutural no amanhã. Quais? A motivação para continuar vivendo e produzindo e a sensação que os homens públicos ensaiam uma recuperação de conduta.

Não se trata nem de cobrar o que está sendo feito de errado, mas sim de lamentar o que deixou ser feito no momento certo.  Talvez por esta razão o partido que mais cresce em nosso País é o partido dos que não tem partido.

O fenômeno do poder hegemônico tem sido implacável para com a humanidade.   A Grécia exemplifica isto muito bem.  Sua decisão nacional em exigir que o capital encontre uma alternativa é um sinal de que nossas escolhas poderiam ser diferente daquela que normalmente tomamos, pois via de regra  somos capturados de manhã, tarde e noite.  Os dispositivos que nos aprisionam vêm do alto e atinge nossa disposição de tentar reverter o quadro clínico de controle econômico e social sobre todos nós.

Já não temos resposta para a questão: é possível uma vida além de nossa instrumentalização utilitária?  Existe uma resistência que nos coloque em linha de fuga a este poder avassalador do mundo sistêmico sobre todos nós?

Está cada vez mais difícil ter uma vida feliz politicamente. Assim como está impossível ter uma vida feliz economicamente. As dificuldades não são poucas e exercem um fetiche que contamina o homem em uma direção de conformismo e paralisia

Será que as formações políticas e as instâncias executivas não dão conta de que caminhamos em direção a uma nova modalidade de guerra civil? Cada dia que passa tais organizações políticas e econômicas se mostram mais incapazes de apreender a essência do tempo presente e impedir que um conjunto implicações irreversíveis atinja o ser humano.

Apesar disto, há aqueles que insistem na esperança em contraponto ao temor.  E aí começa o mais difícil, pois aquele sentimento que no futuro as coisas se encaminharão para algo positivo, está bastante desgastado.

De uma máxima não podemos abrir mão: “não estamos condenados a ser restos e precisamos encontrar uma nova forma de vida”. 

Cristina Esteche

Jornalista

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