22/08/2023

Morte de Bianchi reascende discussão no automobilismo

Havia 21 anos que a Fórmula 1 não sentia o que sente agora. Desde aquele fatídico  1ª de maio de 1994, quando Ayrton Senna deixou-nos após um acidente na curva Tamburello, no circuito de Imola, a maior competição automobilística do mundo não tinha que lidar com a morte.

Na última sexta feira (17), contudo, Jules Bianchi teve sua morte confirmada por médicos de um hospital de Nice, na França, após nove meses em coma em virtude de um gravíssimo acidente na etapa do Japão do Mundial de Fórmula 1.

É notável que a segurança aumentou, e muito, nos últimos 20 anos na Fórmula 1, motivado principalmente pelo acidente de Senna. Tanto é que depois daquele fim de semana, apesar de termos acompanhado uma infinidade de acidentes graves, não havia ainda ocorrido outra morte de piloto da competição.

Apesar da escusa bem convincente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e da própria organização da Fórmula 1 em classificar o acidente como uma grande fatalidade, já que os novos equipamentos de segurança são comprovadamente eficientes, é inevitável que a discussão sobre a segurança dos pilotos volte à tona novamente.

Mesmo sabendo da grande preocupação quanto a segurança na Fórmula 1, ainda creio que a morte de Jules foi causada por negligência por parte da organização. Afinal, antes mesmo da realização da prova já se falava sobre a segurança dos pilotos e se deviam ou não realizar o Grande Prêmio, afinal um poderoso tufão atingia o Japão naquele fim de semana deixando a pista em condições perigosas de dirigibilidade e visibilidade. Pior ainda foi a decisão de autorizar a entrada de um trator no circuito para a retirada de outro veículo acidentado, sem que o safety car tivesse entrado na pista.

Talvez influências políticas ou econômicas tenham feito com que a prova efetivamente acontecesse e não fosse cancelado, ou talvez tenha simplesmente faltado cuidado aos organizadores, que após anos sem nenhuma tragédia não imaginaram que ela poderia justamente acontecer ali naquele domingo. O fato é que possivelmente se houvesse um pouco mais de razoabilidade e bom senso Jules Bianchi provavelmente estaria vivo e quem sabe brilhando em uma escuderia como a Ferrari.

Com o “se” não existe resta apenas lamentarmos a morte do piloto e torcer para que assim como ocorreu com Senna, seu óbito signifique um avanço nas questões de segurança. Digo isso não apenas no âmbito da Fórmula 1, mas  em nome de todo o automobilismo que apesar dos avanços tecnológicos e de desempenho  ainda perde muitas vidas  em outras competições como  os campeonatos de Superbike, Moto GP, Nascar, Stock Car, entre outros. 

Cristina Esteche

Jornalista

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