22/08/2023

É impossível fazer política sem ceder à corrupção?

A nova prisão de José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil) e as declarações sincericídias de Tarso Genro, ex-ministro da Educação e ex-governador do Rio Grande do Sul pelo PT, marcaram uma semana para lá de tumultuada. Assim, o discurso de impeachment tem tudo para crescer nas próximas horas e isto, com toda certeza, é muito ruim para nosso País.

É impossível desconsiderar o que as próprias vozes internas do Partido dos Trabalhadores têm declarado publicamente. Expressões como ‘chegamos ao fim de um ciclo’ de Tarso Genro e ‘ a situação do PT é delicada e que o partido só sairá dessa com mais transparência’ de Fernando Haddad evidenciam uma bancarrota.

Outro integrante de peso, Mangabeira, dispara que “a mudança só ocorre em situação de crise. A minha preocupação é que não desperdicemos a oportunidade apresentada pelas circunstâncias atuais”.

O que lamento, muitíssimo mesmo, é que não se vê uma oposição, nem no Congresso nem nas ruas com um projeto diferente deste que aí está. A oposição dos profissionais da política liderada pelo PSDB e parte do PMDB quer, para benefício próprio, assassinar o País e, infelizmente, grande parte das pessoas que estão ou vão para as ruas sequer sabem para onde querem ir. Do jeito que as coisas estão e para onde elas estão indo começo a avaliar a hipótese de que em nosso País é quase impossível fazer política sem ceder à corrupção. Admitir esta hipótese é algo constrangedor. E, enquanto isto?

Enquanto isto, os serviços públicos tendem a piorar com os cortes intermináveis, nossa capacidade competitiva em termos de produção definha-se pela crise econômica, o poder de compra dos trabalhadores diminui enormemente e a desigualdade pode voltar a patamares anteriores ao   Governo Lula. Os números exibem uma desigualdade abissal, ou seja, menos de 1% dos contribuintes da Receita Federal (dados de 2013) concentram cerca de 30% de toda a riqueza declarada em bens e ativos financeiros.

Todavia, pela  primeira vez na história   informações reais advindas da Receita Federal,  de forma inédita, escancaram o que já imaginávamos. Aqueles que mais ganham, menos pagam e, bem ao contrário, aqueles que menos ganham, são os que mais pagam.  Em 2013, do total de rendimentos da faixa que recebe acima de 160 salários mínimo,  apenas 35% foram tributados. E o restante?  O que aconteceu ? Já  na faixa dos que recebem de 3 a 5 salários, por exemplo, mais de 90% da renda foi alvo de pagamento de imposto e isto a duras penas.

Assim, o que fazer? O cenário nos exigirá muito e precisamos, ao nosso estilo, nos imunizar para sobreviver para, quem sabe, voltar a viver. Pode isto Arnaldo?

 

Cristina Esteche

Jornalista

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