22/08/2023
Política

Para lideranças, vereador ganha muito e faz pouco

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Cristina Esteche

`A revolta pelo fraco desempenho dos vereadores de Guarapuava e pelo valor do subsidio mensal que é de R$ 9 mil ficou evidente durante o começo do movimento pela redução, não só desse valor, mas, principalmente, do repasse feito pela Prefeitura. Se os vereadores recebem R$ 9 mil a cada mês, o presidente da Mesa Diretiva João Napoleão ganha R$ 18 mil mensais.

O encontro aconteceu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ontem, quinta feira (27).

Uma das defesas mais inflamadas foi a do contabilista Davi Likes. Para ele, as pessoas perderam a noção do dinheiro. “Virou uma farra. Aqui só se falou em milhões”, disse referindo-se ao total anual que a Prefeitura deve repassar ao legislative Municipal, que em Guarapuava chega a R$ 10 milhões. “Ponha R$ 10 milhões nas mãos de um empresário e veja quantos barracões ele constrói. E se parte desse dinheiro fosse investido em escolas”? Para Likes, essa situação “passou dos limites” e, por isso, defende que o movimento saia às ruas. “Vamos fazer panelaço. Chegamos no limite”, desabafou. 

Já o presidente da OAB/Guarapuava, Marcos Carvalho lembra que muitas pessoas fazem trabalho em instituições sociais de forma voluntária. “Esse trabalho é valioso e ninguém ganha salário nenhum”. O advogado lembrou também que a maioria do trabalhadores brasileiros recebe uma média de R$ 1,5 mil por mês. A alusão foi comparativa a atuação dos vereadores que recebem altos salarios e pouco fazem. “O dever do vereador é fiscalizar o Executivo, mas isso não é realizado. Quem fiscalizou e prendeu o ex-prefeito de Prudentópolis [Gilvan Agibert] foi o Ministério Público e o Gaeco”, emenda Likes.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em Guarapuava, Luiz Ciunek, observou que os vereadores não participam dos vários conselhos municipais. “Recentemente tivemos uma reunião do Conselho Municipal de Saúde e nenhum vereador estava lá. Nenhum se interessou em debater a saúde pública do município”.

Comissão

Após colocações foi composta uma comissão que vai analisar os custos da Câmara de Guarapuava para então propor o percentual de repasse que a Prefeitura deverá fazer. A intenção é, inicialmente, fazer uma consulta popular  e começar por Guarapuava um movimento de emenda à Constituição, reduzindo o valor previsto de 6% sobre a arrecadação do município. Em seguida, o movimento vai exigir a redução do subsídio do vereadores, a exemplo do que vem acontecendo em outros municípios brasileiros.

Cristina Esteche

Jornalista

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