segunda-feira, 7 de jul. de 2025
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15 Marinaldo Rattes

MARINALDO RATTES:
“A pandemia trouxe tempos desafiadores para todos nós”

O criminalista Marinaldo Rattes,assim como outros profissionais, de repente, viu-se imerso num período atípico. As audiências presenciais passaram a ser por vídeo conferência. O Tribunal do Júri saiu prejudicado a partir do segundo semestre deste ano, por conta dos atendimentos virtuais e a ocorrência da pandemia. O contato com o cliente também passou a ser virtual.

 

“Tudo isso, provocado pela pandemia da covid-19, modificou o nosso dia a dia. A nossa rotina passou a depender integralmente da internet  em todas as etapas do nosso trabalho. A pandemia nos tirou a venda dos olhos e vai acentuar o declínio do modelo instrumental jurídico. O mundo pós-pandemia infelizmente não nos permite voltar à normalidade de antes. Assim como todos os demais setores, a advocacia deve passar por uma revolução na maneira de trabalhar, devido aos impactos das tecnologias digitais”.

Entretanto, o advogado disse que aquilo que seria um elemento dificultador, transformou-se em facilidade. Buscando investir em inovação e tecnologia, o criminalista disse que não deixou de atender a clientela. “Web conferências me permitem o contato com clientes internos. Na PIG [Penitenciária Industrial de Guarapuava] há o parlatório. Isso permite que o contato com o cliente continue sendo normal”.

Além disso, observa Marinaldo Rattes, o atendimento on-line facilitou o trabalho à medida que permite atender em trânsito, em casa, sem a necessidade de estar apenas no escritório.

 

Criaram-se outros canais, outras ferramentas, e quem resistir à essa nova modalidade está fadado a perder clientes.

 

E é se utilizando da tecnologia e inovando no atendimento que o criminalista investiu nos argumentos dentro do processo que envolve um policial militar na morte do jovem Saulo Filipin. Vítima de tiro fatal disparado pelo policial na madrugada de 24 de julho de 2016, Marinaldo defende que o réu vá à Júri Popular. “Mesmo com a pandemia esse julgamento teve continuidade e o recurso tramita no Tribunal de Justiça”.

 

Outro caso que ganhou destaque na imprensa nacional e internacional envolve a morte da advogada Tatiane Spitzner. O réu, esposo da vítima, vai a júri popular em fevereiro de 2021. “Acompanho esse caso representando a OAB”. O criminalista destaca “o caso Tatiane Spitzner é um exemplo do uso da tecnologia na fase de investigação e instrução processual, a qual permitiu revelar a relação abusiva, vivida pela colega e também da tecnologia para mobilização da sociedade e da educação contra a violência doméstica ”.

“A LEGISLAÇÃO É FRIA”

Advogado por vocação e buscando se aperfeiçoar cada vez mais, Marinaldo Rattes é mestrando em Administração na Unicentro. “Busco o crescimento pessoal, novas experiências para ampliar o meu espaço no mercado de trabalho, o conhecimento para compreender as nuances da realidade do cliente e aperfeiçoar a minha forma de ver o mundo”.
Como criminalista, trabalho com a dor alheia. Quando uma pessoa vai presa, uma família é presa junto. Quando se mata uma pessoa, mata-se uma família. Então é preciso se colocar no lugar das pessoas. É muito difícil.
De acordo com Marinaldo Rattes, a pandemia também trouxe a reflexão, a necessidade de rever e de mudar conceitos. “Mais do que nunca precisamos humanizar o nosso atendimento, seja ele qual for. A legislação é fria. A lei trabalha com o papel e se esquece do ser humano. Temos uma legislação cada vez mais dura. Mas até que ponto esse endurecimento resolve o problema?”
Conforme o criminalista, a resposta pode ser vista nas cadeias que estão cada vez mais abarrotadas.
É preciso rever a legislação que generaliza, quando cada caso deve ser analisado individualmente. Temos pessoas que estão presas quando poderiam estar sendo ressocializadas. “Precisamos humanizar nossos atendimentos e petições. Adotar comportamentos respeitosos na apropriação tecnológica e no manejo de informações. Fazer usos dos recursos da internet não para uma degradação da nossa vida, mas para evidenciar um mundo vivido, demostrar que aquele que está sob julgamento merece uma decisão humanizada e condizente com sua conduta, mesmo que tipificado na lei penal”.
De acordo com Marinaldo, nesses meses de pandemia, muitas são as adversidades, as reflexões. “Para nós advogados não é diferente. Entretanto, são tempos desafiadores para todos nós”.
“a cultura digital jurídica precisa ser humanizadora, com elementos de narrativas afetivas e sociomocionais qualificantes, o acolhimento do cliente e de seus familiares, pois o direito criminal é o drama da vida real e concreta ”. Portanto, a tecnológica não pode ficar reduzida ao manejo, a operacionalidade, porque nisso os manuais e tutoriais têm sido cada dia mais didáticos. A advocacia tem o papel de produzir critérios para condutas éticas e estéticas elevadas para apropriação tecnológica no cotidiano jurídico e na defesa dos clientes”.

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