“Que as coisas continuem como antes, eis a catástrofe”

A frase acima é do pensador Walter Benjamin e serve a muitos contextos. Assim vou iniciar estas linhas  mais esperançoso que antes. Tenho claro que é melhor acreditar em algo que pode acontecer do que reconhecer que o amanhã será pior que o ontem.  Deste modo, dando crédito a Foucault que escreveu ‘o homem é o que pode sobreviver ao homem’, penso que precisamos insistir mais e com novas estratégias  fazer viver mais ao invés de deixar morrer mais.

Nem todos sabem, mas a cidade de Guarapuava desde o ano 2000 conta com uma Escola Diocesana de Fé e Política  e que desde de 2007 atua com um curso de extensão em Ciência Política em parceria com o Departamento de Filosofia da Unicentro. Por esta escola já passaram mais de 200 alunos e mais de 12 Professores de diversas áreas das ciências humanas , ciências sociais aplicadas e  de opções religiosas distintas. Recentemente a escola ampliou seu raio de ação e oferece na cidade de Prudentópolis curso similar.  Pensa-se ainda em ampliar sua atuação em outras cidades vizinhas. Todavia, a escola  tomou uma importante decisão que pode render mais frutos coletivos e requalificar-se diante do perigoso jogo político em tela. Nesse sentido, a Escola quer investir em ideias e não mais em pessoas ou agremiações partidárias,  retomando seus princípios primeiros,  tendo implicações diretas no Projeto pelo bem comum que nas últimas eleições apoiou abertamente cinco candidatos ao legislativo municipal de Guarapuava, assegurando duas vagas naquela casa. Assim, a diretriz que se sustenta neste momento caminha no sentido de manter a qualquer custo uma visão plural, pró-ativa, sem instrumentalizar-se ou servir de acessório a ideias estranhas aos princípios fundamentais da Escola. Avaliações consistentes foram feitas e discussões acaloradas aconteceram resultando em um saldo que exige  profunda revisão dos passos anteriores. Sob a coordenação do advogado e Professor da Escola, Artur Bitencourt e a participação  efetiva de outros conselhereiros, há uma forte disposição em corrigir possíveis erros de encaminhamentos e salvaguardar o bem maior que é a integridade e credibilidade da escola convidando os membros do conselho da Escola a ter uma posição de independência política em relação a partidos políticos e grupos políticos, sejam maiores ou menores em um processo de grande maturidade política. Outra abordagem interessante é a participação tanto no corpo discente como no corpo docente de pessoas de outras opções religiosas, otimizando assim um caráter ecumênico, o que se intensifica a partir deste semestre. Para disseminar este novo capítulo da Escola Diocesana de Fé e Política, o grupo gestor se prepara para a confecção de um programa de TV com caráter institucional para fazer valer este novo paradigma e disseminar este novo capítulo.   Neste início de semestre além das disciplinas de mídia e comunicação social, organização e gestão de comunidades,  será ofertado um curso pontual de Legislação eleitoral para todos os interessados.

Enxergar bem é tão bom quanto ouvir bem. Particularmente tenho exercitado o papel de ouvir mais e processar mais. Quando nos colocamos neste empreendimento é como se ouvíssemos os muitos que gritam, em matéria de crença em mundo melhor,  em uma sociedade ou uma cidade melhor, nos termos:  “acabou, acabou !”.  O barulho costuma ser mais cético que o normal. E na outra ponta, alguns poucos parecem gritar de volta: “Ainda não, ainda tem tempo, ainda não!”. O sentimento é como se nossas  respostas não encontrassem eco, ressonância ou coisa que o valha ou ainda como se  falássemos uma coisa e muitos  só conseguissem escutar aquilo que quisessem escutar.

Penso que o exemplo ratifica mais que tudo.  Aquilo que os instigamos a fazer deve ser também praticado por nós, respeitando a liberdade de todos  tanto quanto apreciamos a nossa.

Por Claudio Andrade ( mestreclaudio@uol.com.br )

Professor do Departamento de Filosofia da UNICENTRO.

Doutor em História e Sociedade.

Escreve no blog www.guarapuavatube.com.br