22/08/2023
Brasil

’13 Reasons Why’ promete ser sua nova obsessão na Netflix

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Por Davi Garcia do Ligado em Série

O impacto e a relevância de uma obra audiovisual pode e deve ser medida tanto pela forma quanto pelo conteúdo que apresenta e as reflexões que desperta. Nesse sentido, 13 Reasons Why, nova série da Netflix que estreia nesta sexta (31), é um dos raros casos de casamento harmonioso desses elementos.

Inspirada no livro homônimo de Jay Asher, a série narra a história de Hannah Baker, uma adolescente que conta, através de gravações feitas em fitas cassete encaminhadas a seus colegas de escola, 13 motivos que a levaram a tirar a própria vida. Um dos receptores dessas fitas e co-protagonista da história é Clay Jensen, um garoto que, abalado pela morte de Hannah (de quem era colega e por quem nutria interesse), tenta entender seu papel naquela tragédia ao passo em que mergulha numa jornada de descobertas que revelam os diversos segredos e conflitos de todos os citados nas gravações.

Tematicamente pesada, é verdade, 13 Reasons Why trata muito bem os assuntos que propõe e explora (bullying, machismo, assédio sexual e moral, as dificuldades da comunicação entre pais e filhos etc.) de maneira delicada, intrigante e sempre contundente.

Criada para a televisão pelo ainda desconhecido Brian Yorkey, a série prende desde seus primeiros minutos graças à decupagem cuidadosa e elaborada de cada um de seus episódios que, mesclando presente e passado à medida em que Clay avança nas revelações apontadas por Hannah, estabelece uma narrativa capaz não só de colocar o espectador como parte daquela jornada, mas também de criar empatia através das ações e reações da adolescente e alguns dos demais personagens. Além disso, ao contar ainda com um design de produção e uma fotografia marcante que impõe cores fortes e quentes aos flashbacks em contraste ao cinza e às sombras dos eventos do presente (onde o peso da morte de Hannah se impõe sobre quase todos), a série cria uma atmosfera fluida e distinta de tons e humores que refletem com exatidão o momento de cada um daqueles personagens na história.

Formada por um elenco quase inteiramente desconhecido (com exceção de Kate Walsh e Brian d’Arcy James que fazem os pais da protagonista, bem como Dylan Minnette, de LOST), 13 Reasons Why tem nos bons coadjuvantes (com destaque para Alisha Boe, como Jessica) e nas atuações seguras da novata e surpreendente Katherine Langford algumas de suas grandes forças e atrações. Assim, enquanto Langford faz de Hannah uma garota afável, simpática e segura que vai se transformando e se fechando física e emocionalmente ao ser vitimada por boatos e uma série de acontecimentos traumáticos na escola, Minnette confere a Clay a ingenuidade e as dúvidas comuns da idade que contudo vão se diluindo ao passo em que reage e amadurece frente às duras verdades que descobre através das fitas deixadas por Hannah.

Bem sucedida na maneira como trata de forma adulta temas tão espinhosos do conflituoso universo adolescente, 13 Reasons Why poderia se beneficiar se tivesse episódios mais curtos (cada um deles tem, em média, 55 minutos), mas nem isso diminui a força da mensagem e tampouco impede a série de tornar-se absolutamente relevante. Afinal, ao fazer ao longo de seus 13 capítulos um importante alerta sobre os perigos do bullying, do assédio (e tudo que acaba derivando deles como violência física e moral) e da negligência por vezes inconsciente de pais, professores e afins aos sinais que filhos e alunos dão, a série joga luz sobre uma fase da vida em que as muitas incertezas e a dificuldade de comunicação tão comuns à maioria dos jovens, acabam transformando-os em alvos fáceis e vítimas em potencial.

E é por essa conjunção de fatores, que ao dar vida para a história de Hannah Baker, Clay Jensen e cia, a Netflix apresenta nessa adaptação literária uma de suas melhores séries e, sem dúvida, tem em 13 Reasons Why sua produção mais relevante tematicamente até aqui. 

O drama estreia nesta sexta, 31 de março, em todos os territórios onde a empresa opera.

Cristina Esteche

Jornalista

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