O caso Temer agora está mais didático. A versão periciada da gravação veio com trechos novos, que estavam inaudíveis no original. Numa das partes novas Temer avisa Joesley que seu braço direito para fins escusos é Rodrigo Rocha Loures, não mais o ex-ministro Geddel Vieira Lima, investigado pela PF justamente por receber propina de Joesley:
Joesley: Pra mim falar contigo qual é a melhor maneira … porque eu vinha falando através do Geddel…
(…)
Joesley: É o Rodrigo?
Michel Temer: O Rodrigo.
Joesley: Ah, então ótimo.
TRECHO NOVO – Michel Temer: (lninteligivel) pode passar por meio dele, viu?
Joesley: (lninteligível).
Michel Temer: Da minha mais estrita confiança.
Joesley: Tá.
Essa conversa aconteceu no dia 7 de março. Corta agora para 28 de abril e temos Rodrigo Rocha Loures correndo pelas calçadas dos Jardins com uma mala recheada com R$ 500 mil, dados de presente pela JBS.
Mais prova do que isso, só se tivéssemos uma filmagem de Temer jogando maços de notas de R$ 50 na privada enquanto a Polícia Federal bate na porta.
Aos deputados que pretendem votar contra o afastamento de Temer caberá fingir que os fatos acima são fantasia, o que significaria uma confissão pública de cumplicidade.
Temer precisa de 172 votos para se livrar do afastamento – e só ser investigado quando o mandato terminar. Que ele tem pelo menos 172 deputados amigos é fato. Agora, se esses amigos estão dispostos a fazer essa confissão de cumplicidade diante das câmeras, sob uma audiência de final de copa do mundo, é outra história.
(*) Alexandre versignassi é diretor de Redação da revista Superinteressante