22/08/2023
Educação Guarapuava

29 de abril: professores de Guarapuava se mobilizam três anos após o conflito

Panfletagens, campanhas e ações na capital também estão previstas

29 de abril

A classe de professores que integram a rede estadual de Guarapuava e docentes de ensino superior da Universidade Estadual de Centro-Oeste (Unicentro) se mobilizam para atos em alusão ao conflito violento ocorrido no Centro Cívico, na capital do Estado, em 29 de abril de 2015. Mais de 200 manifestantes foram feridos durante o confronto.

O episódio ficou conhecido em todos os meios como “massacre de 29 de abril”. Para a classe, tal fato não pode ser esquecido, tendo em vista o sucateamento das instituições de ensino a nível estadual e superior em todo o Paraná, desde a ocorrência ininterrupta de desacordos entre professores e o governador da época, Beto Richa.

Em Guarapuava, lideranças do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), que representa os educadores da rede estadual e de dezenas de redes municipais, seguirão a agenda decidida em assembleia na capital, em 21 de abril.

De acordo com a presidente da entidade em Guarapuava, Terezinha dos Santos Daiprai, estão previstas para a data em que o Massacre do Centro Cívico completa três anos a intensificação da Campanha “RichaNuncaMais”, mobilização nas redes sociais nos dias 28 e 29 de abril e realização de atos e panfletagens nas regionais.

“A panfletagem será no terminal e em algumas igrejas da cidade, na saída das missas. O nosso intuito é denunciar o desrespeito e descaso com a Educação Pública e com a categoria do Magistério”.

Ainda segundo Terezinha, cerca de 30 professores e funcionários participarão diretamente, mas toda a classe está convocada.

Na esfera do ensino superior, as mobilizações seguem a linha de busca pelo não esquecimento ao desrespeito e a violência do episódio de 2015 que atacou a educação e a sociedade paranaense. Para isso, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior da Unicentro (Sintesu), Danny Jessé Nascimento, descreveu alguma ações da entidade, realizadas a partir dessa sexta feira (27).

“Para fortalecer nosso trabalho de memória, o sindicato preparou banners que serão espalhados nos acessos principais de todos os campi da Unicentro. Eles reiteram que jamais esqueceremos do Massacre. Além disso, dois dias depois, no feriado de 1º de maio, participaremos de um evento nacional, em Curitiba que deve reiterar nossas mobilizações”.

De acordo com Danny, integrantes do Sintesu de Guarapuava comparecerão ao ato 1º de Maio Unificado das Centrais, na Praça Santos Andrade em Curitiba. A concentração terá início às 13h, com apresentações artísticas e culturais.  Segundo os organizadores, por ser um evento unificado, haverá a presença de personalidades da intelectualidade e da política nacionais e internacionais.

O EPISÓDIO

O Massacre do Centro Cívico ocorreu em 29 de abril de 2015, em Curitiba, quando deputados estaduais votavam o Projeto de Lei 252/2015, que alterava a Previdência Social dos professores e reformulava os fundos previdenciários do Estado. A proposta foi encaminhada ao governo pelo então governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).

Por meio dela, o governo pretendia mudar o custeio do Fundo de Previdência do Estado. A proposta sugeria que os mais de 34 mil aposentados com mais de 73 anos e que não contribuíram com o Fundo Previdenciário passassem a receber seus benefícios não mais do governo, mas da previdência do Estado.

Com isso, o governo aliviaria seu caixa em 142,5 milhões de reais por mês, mas provocaria um enorme furo na poupança previdenciária dos servidores.

Enquanto a votação ocorria, professores se manifestavam do lado de fora da Assembleia. Segundo levantamento da Rede Brasil Atual, 15% do contingente da Polícia Militar do Paraná participou do ato. Em um confronto violento, cerca de 200 professores e manifestantes ficaram feridos.

Mesmo assim, Assembleia do Paraná aprovou o projeto, com 31 a votos a favor e 21 contra. No dia 30 de abril de 2015, a lei foi sancionada.

Naquele ano, as paralisações da classe somaram mais de 70 dias.

Cristina Esteche

Jornalista

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