22/08/2023

Guarapuava está passando por uma transformação e muitos estão pagando o ônus de ter a coragem de mexer em "panelas de pressão" que podem explodir a qualquer momento, caso quem esteja no comando, deixe de estar atento à temperatura ambiente. Mudar uma cultura enraigada no setor público não é para qualquer um.

Vamos começar pela saúde pública. O guarapuavano está "careca" de saber que vereadores tinham inserção em postos, na própria secretaria, no Consórcio de Saúde de Guarapuava. O usuário que mora na periferia da cidade sabe muito bem que a saúde básica passou por um desmanche nos últimos anos, principalmente, quando se criaram duas unidades de saúde 24 horas (Pérola do Oeste e Primavera). Está sendo preciso começar tudo de novo. Construir conceitos que passam, desde a higiene dos postos até a política humanizada de atendimento; rever a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que possui sala no piso superior, mas que sequer tem escada para se ter acesso e que mesmo assim já foi inaugurada, sem um rolo de esparadrapo sequer. Imagine o restante do que é necessário.

Fazer com que a população entenda que os cuidados básicos devem ser buscados nos postos de saúde implantados nos bairros onde moram, é uma missão dificil. E hoje se tem médicos, enfermeiros, profissionais qualificados. Não é mais preciso cair nas mãos de estagiários. Não é mais necessário sair de casa, atravessar a cidade para ficar na fila de espera por horas e horas. E sabe por que? Porque a urgência emergência prioriza pacientes que requerem atendimento imediato e que não são poucos. Porque os hospitais da cidade estão superlotados. Afinal, são apenas dois para atender a demanda de 500 mil pessoas em toda a região.

Que Guarapuava se ressente com a falta de médicos, não é novidade, nem mesmo para os municípios brasileiros que enfrentam o mesmo problema. Se temos tantos cursos de medicina que colocam profissioinais anualmente no mercado onde eles estão? Centralizados nos grandes centros deixando o interior a mercê desse vazio ao ponto do governo abrir as fronteiras para médicos formados no exterior?

Pois que venham, que atendem a população, que façam a sua parte, que ajudem a mudar a cultura de uma profissão elitizada, que dem uma lição em alguns profissionais que se acham no direito de não querer atender por picuinhas internas, políticas. Que em vez de salvar – e foram formados para isso – colocam em risco vidas de crianças, de jovens, de adultos, de idosos.

É preciso realmente mudar essa cultura que cria raízes, principalmente, no serviço público. É preciso ter coragem e enfrentar uma situaçao insustentável; é preciso esperar o tempo que for preciso – mas que seja que rápido – e colocar a casa em ordem. A população guarapuavana merece esse respeito. A saúde pública municipal sabe muito bem disso e passa por mudança, embora as transformações, o trabalho que está sendo feito fique reservado entre quatro paredes, sem visibilidade, sem eco. É justamente essa invisibilidade que vem patrocinando comentários de vereadores, da oposição articulada nas redes sociais – que não sabe nada, além de disseminar comentários maldosos, recheados por ataques pessoais de quem se esconde atrás de codinomes, de e-mails falsos.

É preciso ter um enfrentamento. Resistir ao "inimigo oculto". Reverter uma situação com trabalho, com eficiência. Do tipo, atacar o mal pela raiz como a saúde pública municipal está fazendo.

 

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

Este post não possui termos na taxonomia personalizada.

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo