22/08/2023
Segurança

A cada 10 mil mulheres 98 sofrem violência doméstica em Guarapuava

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O Salão Nobre da Faculdade Campo Real em Guarapuava estã sendo o palco do 1° Seminário sobre Violência de Gênero, evento que faz parte do Programa 16 dias de Ativismo, e que tem como tema este ano o combate a violência doméstica. Na manhã desta quinta feira (21) a enfermeira doutoranda da Unicentro Maria Lúcia Raimondo  abriu o ciclo de palestras trazendo dados alarmantes sobre a violência em Guarapuava.

De acordo com ela a cada 10 mil mulheres guarapuavanas 98 já sofreram violência doméstica, segundo dados da Delegacia da Mulher. A delegacia, aliás, já atendeu a 890 ocorrências de violência contra a mulher desde que foi instituída.

Sem endereço, os números da violência foram registrados em todos os bairros de Guarapuava. De acordo com os dados 339 casos foram registrados no Centro, 527 no Boqueirão, 304 na Vila Bela, 146 em Entre Rios. “Guarapuava é conhecida em números alarmantes de mulheres mortas”, afirma Maria Lúcia.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde uma em cada seis mulheres já sofreu algum tipo de violência doméstica, e a cada 100 mil mulheres 4,4% morrem assassinadas por esse tipo de violência no país. Em Guarapuava este índice chega a 12%, ou seja, três vezes maior do que o previsto pela OMS.

O Paraná é um dos lideres do ranking de violência doméstica, enquanto no Brasil inteiro estima-se que 2 milhões de mulheres já tenham sofrido algum tipo de violência, no Estado uma em cada cinco mulheres já foi alvo dessas agressões.

De acordo com a palestrante, a explicação para estes números advém da cultura que temos, fruto de um modelo patriarcal muito enraizado, onde o homem é tido como o chefe da casa e autoridade. A violência em muitos dos casos é vista como normal tanto para agressor quanto para a vítima. Somente um trabalho efetivo de reversão desta violência em paz impedirá que estes homens se tornem homicídas.“O grande problema é que na maioria das vezes o agressor não se sente culpado e as vítimas não denunciam por não ver o ato como violência. Aí o homicídio acontece normalmente quando ela decide romper a relação” explicou.

Os serviços de saúde cumprem um papel fundamental no enfrentamento da violência e o estreitamento de relação com as vítimas fará com que um laço de confiança se crie, e os traumas físicos, psicológicos e emocionais sejam trabalhados, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde, promotora do evento.

"Uma rede afinada de órgãos que trabalhem em sintonia é o único meio viável e seguro de reduzirmos estes números. Temos que, de uma vez por todas, assumirmos nossas responsabilidades neste processo. Enquanto não agirmos, mulheres continuarão morrendo em nossa cidade", diz Eva Schran, vice-prefeita e Secretária de Políticas Públicas para Mulheres. 

Cristina Esteche

Jornalista

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