segunda-feira, 11 de ago. de 2025
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A conta chegou?

Aliados de Bolsonaro classificam a medida como "perseguição" e "humilhação", governistas e oposição veem "a lei sendo aplicada para todos"

Tornozeleira eletrônica (Foto: reprodução)

Há notícias que simplesmente se recusam a ser apenas mais uma manchete no Portal. Elas explodem na tela do celular, dominam as conversas e se impõem na agenda pública com uma força que torna o silêncio impossível. Lendo sobre a instalação da tornozeleira eletrônica no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), não há como não repercutir. O fato político é tão potente que obriga cada cidadão, e especialmente cada ator político, a se posicionar.

Em Brasília, epicentro do terremoto, a repercussão foi imediata e sísmica. O Congresso Nacional, que tentava se equilibrar em uma frágil agenda de consensos econômicos, foi totalmente absorvido pelo tema. A tornozeleira no calcanhar de Bolsonaro virou o único assunto, e as reações, previsíveis em conteúdo, mas notáveis em intensidade, ecoaram pelos salões Verde e Azul.

REAÇÃO DE ALIADOS

Como era de se esperar, a primeira e mais ruidosa repercussão veio de aliados mais fiéis. Para eles, não reagir seria uma traição. Com discursos que mesclam indignação e vitimização, a ‘tropa de choque’ bolsonarista partiu para o ataque. “É a materialização da ditadura da toga! Humilham um homem que deu a vida pelo país”, declarou um deputado do PL no plenário.

A fala não é um fato isolado, mas a senha para uma estratégia coordenada: transformar a medida cautelar em um símbolo de perseguição, alimentar a base com a narrativa do mártir e, com isso, manter o capital político do líder aceso.

BASE GOVERNISTA

Na outra ponta, a repercussão foi igualmente inevitável. Para a base governista e os opositores de Bolsonaro, o silêncio seria interpretado como fraqueza ou conivência. A reação, portanto, veio em forma de defesa contundente da legalidade e da isonomia. “A lei finalmente está sendo aplicada para todos, do mais simples cidadão ao ex-presidente da República.

Para um senador do PT, isso fortalece nossa democracia”. Nesse campo, repercutir o fato é reforçar a narrativa de que a impunidade acabou e de que as instituições, apesar das críticas, estão funcionando.

CENTRÃO

Até mesmo o calculado distanciamento do Centrão é, em si, uma forma de repercussão. Os líderes sabem que não podem ignorar o assunto. Ao optarem por declarações protocolares sobre “respeito às decisões judiciais” e “preocupação com a estabilidade”, eles reagem tentando conter a ‘onda de choque’, protegendo a pauta legislativa da contaminação total pela polarização.

CONVITE AO DEBATE

No fim, a verdade é que a tornozeleira de Bolsonaro transcendeu o processo judicial. Ela se tornou um evento midiático e político que nos interpela a todos. Ler a notícia não é um ato passivo. É um convite, ou melhor, uma intimação para o debate sobre justiça, poder, limites e o futuro de um país que continua dividido. Não repercutir, simplesmente, deixou de ser uma opção. Portanto, o convite ao debate encontra-se aberto!

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Cristina Esteche

Jornalista

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