A falta de apoio dificulta a continuidade dos treinamentos e mina o preparo físico e moral dos atletas
Se não fosse a dedicação de alguns corredores, o atletismo de Guarapuava já teria deixado de existir. Com pouco apoio, patrocínio e infra-estrutura para treinar, eles se dividem entre desistir e persistir. E graças ao esforço próprio, resistir tem sido o melhor caminho.
Nos últimos anos tem crescido o número de atletas guarapuavanos nos pódios de corridas de ruas em todo o Estado e até fora dele. Não à toa, quase semanalmente seus nomes ocupam as páginas esportivas dos jornais da cidade pelo bom desempenho que estão apresentando.
Porém, ainda é preciso mais para desenvolver o esporte e incentivar novos atletas. Para Sebastião Eloy Opuskewsck (foto), os atletas precisam de uma boa estrutura para conquistar e manter os resultados. A nossa pista de corrida até tem uma casinha lá, que poderia ficar aberta nos dias de treinos para oferecer água e frutas aos corredores, que precisam de uma boa alimentação. Além disso, poderia ser viabilizada uma parceria com cursos de ensino superior, como educação física, nutrição e fisioterapia, comenta Eloy, que voltou a correr há um ano e meio.
Poderia ter uma estrutura bem melhor, incluindo uniformes para os atletas que representam Guarapuava. Eu fico penalizado de ver a situação da maioria do pessoal que corre, eles sofrem para conseguir conciliar o trabalho com os treinos, realmente precisam de ajuda. Eu consigo comprar minha alimentação, pagar hotel nas viagens, comprar tênis, mas e quem não pode?, questiona.
Segundo Eloy, os atletas têm lesões com frequência e poucos têm condições de manter um plano de saúde para tratamento. Na minha categoria (master) somos em quatro atletas sempre brigando por bons resultados, por isso peço para que as autoridades vejam com carinho isso, reclama.
Atualmente, a Prefeitura vem ajudando os atletas com as despesas de viagens. Ano passado, atletas com bom rendimento ganhavam repasse do ISS da administração municipal, ajuda de custo que, para eles, está fazendo falta.
Até dezembro de 2008, seis atletas recebiam o repasse e está fazendo bastante falta. Eu sou professor, trabalho, mas não posso pegar todo o meu dinheiro para investir no meu treinamento, pois tenho minhas contas de casa para pagar. Eu consegui apoio fixo do Hotel Atalaia e Faculdade Guairacá, se não fosse isso teria que parar de treinar, comenta Rodrigo Lima, atleta e presidente da Associação dos Corredores de Rua de Guarapuava, ainda em fase de estruturação.
De acordo com ele, os corredores estão aguardando uma posição para o corte de repasses. Eu tive que correr muito atrás, batalhar e obter bons resultados para então conseguir mais patrocínio. No dia 19 de abril vou participar de uma maratona internacional em Florianópolis (SC), de 42 quilômetros, e estou sofrendo para investir nos meus treinos, afirma.
Para João Marcelo Bueno, que ano passado recebia do poder público R$ 400 mensais, a forma atual de ajuda da prefeitura é mais abrangente. Este ano não temos ajuda direta, o repasse está vindo na forma de ônibus, pagando o transporte para nossas viagens. É uma forma de beneficiar mais gente, acredita.
Na última viagem, quando guarapuavanos participaram da II Etapa do Circuito Sesc, em Francisco Beltrão, garantiram para a cidade nove troféus e três classificações para a final que acontecerá no dia 30 de novembro, em Curitiba. Na ocasião, a Prefeitura de Guarapuava colaborou com R$ 400, mas o custo do microônibus era de R$ 700. Como o proprietário do micro-ônibus (Eloy) também corre, deu um desconto de R$ 100 e os outros R$ 200 nós tiramos da ajuda para alimentação, também dada pelo poder público, para custear o restante do transporte, fala Bueno.
A TRIBUNA entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura durante a semana para agendar entrevista com o Secretário Municipal de Esportes, Pablo Almeida, mas não conseguiu contato.