22/08/2023

A força do vento

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Guarapuava é uma cidade fria por natureza, tanto que o coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal, comandante da expedição que colonizou os campos guarapuavanos no Século XIX, escreveu a dom João VI, rei de Portugal, dizendo que nevava “igual a Europa”. A esquina da Rua XV com a Vicente Machado, para mim, é o ponto mais gelado da cidade, encana um vento que é de lascar o lombo.

Dias desses, falando com guarapuavanos que não moram mais em Guarapuava, como eu, ouvi o seguinte comentário: Guarapuava é conhecida no Brasil por causa da neve, do acidente do Fernando Carli Filho, do jogador Robson que morreu na quadra do Ginásio Joaquim Prestes e… Tínhamos que achar pelo menos mais um destaque positivo. A maltaria Agromalte, lembramos.

Dias passados escrevi, nesta coluna, sobre o leilão da bacia de gás natural que será realizado no Rio de Janeiro e coloca Guarapuava entre os poços passíveis de exploração. Nesta semana, o presidente da Companhia Paranaense de Gás (Compagás), Luciano Pizzato, confirmou que o Município é uma das “fronteiras” de gás natural, condição em que se incluem Pitanga e outros próximos na região central do Paraná.

Considerando que o gás é uma fonte de energia indispensável para o desenvolvimento, alternativo ao petróleo, a conclusão é de que temos um potencial a ser devassado, podendo, se houver o planejamento adequado, converter-se numa alavanca para novos patamares na economia regional, para consumo industrial e doméstico.

Não pretendo repisar esse assunto, para ir um pouco mais adiante. Além do gás, a região de Guarapuava é considerada viável para a produção eólica, a energia que vem dos ventos. Aquela ventania que incomoda tanto os guarapuavanos, na verdade é uma força que pode movimentar máquinas industriais e clarear a vida de milhares de residências. Há dezenas dessas espalhadas em regiões do Brasil com características parecidas às de Guarapuava.

Existem outras fontes de potencial energético em nossa região. As pequenas hidrelétricas estão movimentando políticos e empresários. O próprio frio poderia, ou pode ser, um meio para estimular o turismo de inverno. E ainda temos o subsolo rico em água mineral, formado pelo aquífero Guarani. Sim, dispomos inclusive de um estudo da Paulipetro, companhia petrolífera de São Paulo, que na década de 1980 veio prospectar petróleo em Guarapuava e encontrou gás natural e água mineral. Os estudos foram entregues de mão beijada para a Prefeitura na época e, sabe-se Deus por qual meio, foram sorrateiramente surrupiados dos anais do Município. A Unicentro ou outro grupo de estudo poderiam resgatar essas informações junto à Paulipetro. Recordo-me que um dos locais próprios para furar os poços de água estaria no Rocio, perto do Aeroporto Tancredo Thomás de Faria.

Se soubermos usar racionalmente cada uma dessas fontes, teremos equilíbrio com a natureza, longevidade na produção, benefício social e econômico. E tornaremos realidade o que ainda está no papel, ou escondido em alguma gaveta.

  

Cristina Esteche

Jornalista

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