22/08/2023
Brasil

A fragilidade da geração Z

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Não é a Baleia Azul ou qualquer outro jogo mortal que coloca em choque a vida de crianças, adolescentes e jovens. É a fragilidade de uma geração que sai de dentro de quatro paredes e ganha as manchetes da imprensa mundial, desperta autoridades, provoca o pânico nos pais. Isso porque a mídia está massificando essa informação, acendendo o sinal amarelo para que os pais prestem mais a atenção no comportamento dos seus filhos.

Mas será que alguns deles tomou conhecimento do choking game, outra espécie de jogo em que a pessoa interrompia o fluxo de ar com as mãos ou objetos para induzir o desmaio? E o que falar das tantas outras drogas que estão aí, fazendo parte do cotidiano de crianças, adolescentes e jovens?

Tudo bem que os filhos da chamada geração Z – Z de zapping – que são os adolescentes atuais, vivem uma hiperconectividade, cuja vida social se resume ao mostra as telas do computador – que, aliás já está sendo considerado um equipamento ultrapassado -, nos smartphone e tantos outros “phone” que só o que acontece ali é verdadeiro, atrativo, e vou muito além: é lei. E aí entra o jogo virtual Baleia Azul, a série 13 Reasons Why, da NetFlix que traz à tona o debate sobre a depressão, bullying, o suicídio. Mas será que esses adolescentes conseguem discernir que a personagem principal possui transtornos mentais ou tem nela um exemplo a ser seguido?

Alguém já parou para observar o comportamento de um grupo de jovens, num mesmo ambiente? Cada um com celular na mão, comunicando-se entre si. Sem uma palavra, sem um gesto, apenas os olhares traem a conversa silenciosa.

Não vou dizer que essa prática é denominador comum somente os jovens. Num dia desses parei para observar um casal sentado à frente de casa. Cada um celular nas mãos, cujos dedos teclavam freneticamente. O único gesto compartilhado era para encher os copos de cerveja, um dos outro, sem que os olhos deixassem a tela do celular.

Tudo bem, é o boom da tecnologia e da qual não podemos ficar alheios. Mas e a geração Z, ou geração digital que se vê perdida numa parafernália tecnológica, que a torna cada vez mais introspectiva? É ela protagonista de uma outra forma de vida, permeada com hábitos e costumes diferentes, vivendo um mundo virtual, onde podem se herói ou bandido, preto ou azul, real ou virtual. Afinal, nesse mundo, eles podem ser o quiserem, ir para onde quiserem, ter o livre arbítrio de viver ou de morrer. É a impulsividade que os move, de acordo com que mandam as “tribos virtuais”.

Um estudo realizado nos EUA mostrou que eles trocam uma média de 109 mensagens diárias pelo celular enquanto os adultos ficam com uma média de dez mensagens por dia. Como se vê eles nos ganham de goleada nessa jogada. E o que fazer para virar esse jogo? Nós, pais e avós que vivemos neste mundão real, cabe a responsabilidade de sermos atentos, de trazê-los à realidade com diálogo, com amor, com dedicação, todos os dias. De nada adianta entrar em pânico quando surgem “navegando” as baleias azuis. O perigo é iminente todos os dias, em todos os momentos. Não basta ter uma preocupação pontual e se calar depois até que um novo inimigo mostre a sua cara.

Cristina Esteche

Jornalista

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