Na última quinta feira (9), o Tribunal de Justiça do Paraná inocentou o padre Sercio Catafesta, ex-ecônomo administrador da Diocese de Guarapuava e outras três pessoas envolvidas na Operação Sacrilégio deflagrada pelo Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, que pertence ao MP/PR , e que investigou possíveis desvios de dinheiro na reforma da Casa de Formação de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe, pertencente à Mitra Diocesana, em Guarapuava.
Pela decisão da maioria, embora a decisão da Corte não tenha sido unânime, os quatro condenados em primeira instância foram considerados inocentes. A decisão judicial foi um dos assuntos abordados pelo bispo da Diocese de Guarapuava D. Antônio Wagner da Silva, durante o programa “A Voz do Pastor”, na Rádio Cultura FM.
Conforme afirmou o bispo que esteve no julgamento final no dia 9 de maio em Curitiba, o longo tempo em que correu o processo [desde 2014], foi de muita dor e desgaste para todos, principalmente para o clero de Guarapuava.
“Apesar de todas as acusações, apesar de todo o barulho, não houve crime. […] O resultado dado pelos senhores desembargadores é o de que, não houve crime. Desta forma, resumidamente, foram absolvidos o padre Sercio e os três trabalhadores, de todas as acusações”, disse o bispo.
Eu gostaria de falar aqui nesta hora é que depois de viver esses anos todos, uma angústia muito grande, até me desculpem colocar, sendo objeto de ódio, de xingamentos, de mau juízo, a gente levanta as mãos para o céu e agradece a Deus que nos deu a tranquilidade, a serenidade, a paciência e a coragem para poder apoiar quem merecia ser apoiado e dar a força para aqueles que trabalharam conosco.
De acordo com D. Wagner durante o programa de rádio, muitas pessoas acreditaram nele [bispo], no padre Sercio, nos trabalhadores e nas outras pessoas que inicialmente foram acusadas.
Foi uma multidão enorme. Eu diria que a grande maioria. Eu posso dizer para vocês, nesse agradecimento, que vocês foram importantes para cada um de nós. Teve muitos momentos, que a gente tinha vontade até de fugir, de sumir, porque era tanto o ódio, era tanto o xingamento e outras coisas que a gente escutava. Chegava até a sair na televisão, em outras rádios, outros meios de comunicação. Mas, por causa de vocês, nos mantivemos firmes, acreditando que a Justiça. A verdade, um dia, haveria de triunfar.
O bispo afirmou também que recebeu apoio de pelas redes sociais de pessoas do outro lado do mundo. E que o resultado final aliviou os corações dele [bispo] e de outros padres que participaram daquelas horas bastante tensas durante o julgamento.
“A gente perdoa as pessoas que deturparam os fatos. Muita gente vai tentar olhar para nós com olhar reprovador e que não vai acreditar no que a Justiça fez. Há sempre alguém que vai dizer isso”.
Padre Sercio tinha sido condenado pela juíza da 2ª Vara Criminal de Guarapuava, Paôla Gonçalves Mancini, a 10 anos, dois meses e 15 dias de prisão em regime fechado por apropriação indébita de dinheiro, a partir da apresentação de notas frias e superfaturadas. A denúncia da época era de que padre Sercio teria contratado três pessoas pagando valores superfaturados pelos serviços de reforma na Casa de Formação.
Ainda de acordo com a denúncia, os serviços elétricos e hidráulicos geraram prejuízo de R$ 46.980,15, e a contratação do mestre de obra provocou um rombo de R$ 16.284,49. Além dele, outros três réus foram condenados com penas variando entre dois anos e quatro meses e três anos e quatro meses em regime aberto.
A absolvição ocorreu depois que o advogado Loêdi Lisovski recorreu da decisão condenatória. Padre Sercio também tinha sido condenado ao pagamento de multas no valor de R$ 66.200,00. Desde o início do processo, padre Sercio se declarou inocente. O bispo D. Antonio Wagner também já tinha pedido a absolvição dos envolvidos.