A insatisfação está no ar
Pela terceira vez consecutiva as manifestações voltaram assolar o atual governo. Embora menores que os protestos de março e abril, as manifestações de ontem (16) não deixam de ser preocupantes para a saúde política do Partido dos Trabalhadores.
O professor de Marketing Político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Adolpho Queiroz, analisa os reflexos da manifestação.
Ver milhares de pessoas, em pleno domingo, indo às ruas para uma demonstração contra as práticas de corrupção no país é alentador. Do ponto de vista simbólico, nada mais impactante de que um grande boneco inflável do ex-presidente Lula com camisa de presidiário, em plena Esplanada dos Ministérios em Brasília. De ídolo a uma caricatura, Lula, emerge como síntese da crise e deixa os baixos índices de satisfação, como herança para a sua sucessora política. O país está tenso, dividido, desalentado com o governo, com a condução da crise econômica e com a vergonhosa corrupção destes dias. Mas o governo resiste, faz alianças, acordos, ganha tempo e com isso conquista alguma estabilidade. O judiciário reconquista o seu papel na sociedade, com as ações que tem desenvolvido. O Legislativo é o pendulo que pode definir o processo. Acho pessoalmente que, apesar de toda insatisfação, hoje o governo não cai mais… mas, e amanhã?
Adolpho Queiroz é professor de Marketing Político da Universidade Presbiteriana Mackenzie