Quem passa pela Avenida Manoel Ribas, uma das artérias principais que corta a cidade, se depara com a poluição visual “patrocinada” pela propaganda eleitoral. Cavaletes estampam fotos de candidatos, um ao lado do outro, nos canteiros centrais e rótulas da avenida. Mas desde a segunda (15) uma “invasão” de propaganda do candidato ao Governo do Paraná, o peemedebista Roberto Requião, tomou conta do espaço, danificando o meio ambiente.
Além do excesso, o vento forte de Guarapuava jogou os cavaletes sobre os canteiros de flores, causando prejuízos ambiental e financeiro à população. Ambiental, porque se trata de um dos problemas cruciais da publicidade visual em excesso provocando a perda da originalidade do espaço urbano, causando outros males que afetam diretamente a qualidade de vida e, principalmente, a saúde da população. Financeiro, porque a urbanização do espaço, as flores que embelezam os canteiros das avenidas são patrocinadas pelo dinheiro público.
Até dá para entender que a poluição visual em tempos de campanha eleitoral já avançou muito com restrições impostas pela lei. Trata-se de uma matéria pertinente à Justiça Eleitoral e na qual o município não pode interferir, já que a lei municipal que proibia o uso de cavaletes em calçadas e em canteiros foi “derrubada” pela Câmara de Vereadores nesta campanha.
Mas se a propaganda eleitoral visa convencer o eleitorado, não deveria ser constituída, principalmente, pelo respeito aos cidadãos, remetendo ao senso maior de coletividade, priorizando as interações entre o homem e o meio ambiente, constitucionalmente reconhecido como “bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida”?
Que tipo de consciência envolve a campanha de um candidato majoritário, que já governou o Paraná, e que agora comete esse tipo de crime? Sim, porque poluir, de acordo com a origem latina do vocábulo, significa sujar, manchar e até mesmo profanar, cometer sacrilégio.
Embora a propaganda eleitoral seja um instrumento vital para o processo político, já que é por meio dela que a população percebe o candidato, analisa sua apresentação visual e verbal, bem como suas propostas, o que deve prevalecer é a crença para o que se acredita que seja favorável ao bem comum. Mas é preciso ser utilizada de forma eficaz. Acontece que na maioria das vezes, valer-se dela eficazmente é entendido pelo candidato como agir em desrespeito às regras para alcançar vantagem eleitoral sobre os oponentes. É o que está acontecendo em Guarapuava neste começo de semana.
Requião, ou os marqueteiros da campanha, deveriam criar uma rede de estratégias com o devido conhecimento das limitações impostas pela Justiça Eleitoral e, principalmente, pautados pelo bom senso e pelo respeito ao cidadão, ao meio ambiente. Essa atitude insensata, só pode ser traduzida como desespero que busca “forçar a barra” e que, ao contrário do que visa, pode implicar em prejuízos e punições que já colocam em risco a imagem, e que corrobora para a desaprovação do candidato nas urnas. Que fique o mau exemplo como alerta aos demais candidatos. Afinal, o eleitor, a população, a cidade, merecem respeito.