22/08/2023
Política

À RSN, Richa diz que não fará mudanças significativas no secretariado

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Eleito para novo mandato à frente do governo, com 3,3 milhões de votos, Beto Richa concedeu a seguinte entrevista para a Rede Sul de Noticias.

RSN – Qual será o diferencial do seu segundo mandato em relação ao primeiro?

RICHA – Reorganizamos as finanças e isso vai nos permitir avançar ainda mais rapidamente em nossos projetos. Apesar das dificuldades, temos grandes realizações no primeiro mandato. Criamos bases sólidas para o desenvolvimento sustentável do Estado, com atração de R$ 35 bilhões em novos investimentos e geração de 180 mil empregos. O crescimento do PIB no Paraná neste período foi, em média, o dobro do PIB nacional. Nosso segundo mandato será marcado pela multiplicação de investimentos. Continuaremos a dar prioridade absoluta aos setores de educação, saúde, segurança, infraestrutura e habitação, sem descuidar de nenhum outro.

RSN – O seu plano de governo para o segundo mandato é o melhor para o Estado? O que o senhor priorizou?

RICHA – Nosso plano de governo foi cuidadosamente estudado e detalhado, com sugestões colhidas de especialistas de todas as áreas. Estruturamos um plano de trabalho com muita responsabilidade. Não tenho dúvida de que é o melhor para dar continuidade ao progresso que o Paraná está vivendo. Vamos ampliar alguns programas de sucesso que estão em andamento – Paraná Competitivo, Família Paranaense, Pró-Rural, Paraná Seguro, Saúde da Família, entre outros. Implementaremos novos projetos, mas sempre com o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico do Estado. A nossa prioridade vai sempre realizar ações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas nos locais onde elas vivem.

RSN – Que área seria tratada como prioridade número 1 do seu governo?

RICHA – Educação. Esta é – e será sempre – prioridade número 1 em meu governo. Daremos continuidade a uma série de ações para assegurar um tratamento de excelência no setor, mantendo diálogo contínuo com a comunidade escolar e todos os interessados em transformar para melhor o ensino paranaense. Valorizaremos ainda mais os professores, categoria que recebeu 60% de aumento salarial nesta gestão, os agentes educacionais, a acomodação para os alunos (nesses quatro anos, realizamos mais de duas mil obras), a merenda escolar (passamos de R$ 22 milhões para R$ 92 milhões) e os aspectos didáticos. Aliás, já inovamos, com a distribuição de tablets para 60 mil professores no Estado. Vamos terminar 2014 com 35% do orçamento aplicado em Educação, bem acima da exigência da lei. Nossa proposta é construir 100 novas escolas, ampliar as vagas do ensino profissionalizante e as atividades de educação integral.

RSN – Na área de saúde, quais são as propostas para a próxima gestão?

RICHA – Nosso compromisso é investir mais do que os 12% das receitas correntes líquidas estaduais em Saúde para garantir a qualidade e o atendimento de excelência às pessoas, que, aliás, elas têm direito. Infelizmente, o governo federal reduziu drasticamente sua participação em recursos para este setor. O Paraná, ao contrário da União aumentou o volume de recursos. Em quatro anos, investimos R$ 8,5 bilhões exclusivamente em saúde pública. São quase R$ 2 bilhões a mais do que nos oito anos do governo anterior. Reestruturamos todo o setor, garantindo appoio financeiro para hospitais filantrópicos e municipais que não tinham recursos do Estado. Agora vamos construir 600 novas unidades de saúde e 11 centros de especialidades em todas as regiões do Estado, além de criar mais 1.000 leitos em hospitais para pacientes do SUS. O Hospital Regional de Guarapuava é uma das unidades que vai garantir estes novos leitos. O município hoje é sede de uma base de serviço aeromédico, um compromisso que assumi e se tornou realidade.

RSN – Quais as iniciativas no próximo governo para melhorar a segurança pública no Paraná?

RICHA – Nesta gestão contratamos 10 mil policiais, adquirimos 1,5 mil viaturas modernas para todas as regiões e abrimos concurso e contratação de delegados para todas as comarcas. Nesse período, também foram instaladas 14 Unidades Paraná Seguro na capital e região metropolitana, em Londrina e em Cascavel. Foi criado o Batalhão de Fronteira, em Marechal Cândido Rondon, com mais de 200 policiais e duas companhias para combate ao contrabando e ao tráfico de drogas. Os resultados nesses quatro anos, com as providências tomadas no setor, são animadores. Houve redução de 22%, em média, em todo o Estado, no número de homicídios em 2013 em comparação a 2010. Nossas principais propostas para a Segurança Pública na próxima gestão: Contratação de mais 10 mil policiais; instalação de módulos móveis da Polícia Militar nos principais municípios, que funcionarão no sistema de polícia comunitária; implantação de um inovador sistema de monitoramento, o Vigia, nos moldes do que é usado pela polícia de Nova York. A ferramenta integrará numa Central todas as câmeras de monitoramento, públicas e privadas, das grandes cidades paranaenses, auxiliando a polícia a combater o crime. O Vigia emitirá alerta de movimentos suspeitos, facilitando o trabalho dos policiais. Além disso, vamos entregar 20 obras no sistema penitenciário, abrindo 6.670 vagas para presos condenados, que serão retirados das carceragens das delegacias. Vamos, com certeza, melhorar ainda mais os índices de segurança no Estado, reduzindo a criminalidade e aumentando a paz nos lares paranaenses.

RSN – Como planeja lutar e garantir a moralização da política?

RICHA – A partir de meu exemplo pessoal e daqueles que trabalham comigo. Não abro mão dos princípios éticos e morais aprendidos com meus pais. A moralização da política, que propicia o debate de instrumentos para a sua reforma – fortalecimento dos partidos, financiamento de campanhas etc. -, nasce com os próprios personagens da cena política e de suas atitudes. Ao mesmo tempo, a legislação tem que ser aplicada de forma severa para garantir a moralidade na política e evitar atentados contra ela.

RSN – Quais medidas o senhor pretende tomar para diminuir os gastos públicos?

RICHA – Temos tomado uma série de medidas de austeridade para controlar as contas do Estado desde o início do mandato e na próxima gestão não será diferente. Vamos apostar na eficiência para diminuir ainda mais os custos. Determinei a diminuição de 15% dos gastos de custeio e conseguimos ampliar essa meta, chegando a 19%. Cortamos 1.000 cargos em comissão e fundimos secretarias. A exemplo do que já fizemos nesta gestão, vamos eliminar algumas estruturas de governo e fundir alguns órgãos para enxugar a máquina pública e ter menos gastos. A diminuição da atividade econômica no País tem afetado as receitas públicas em todos os estados. Mesmo com esse cenário, com um governo de diálogo e políticas públicas eficientes, temos conseguido manter a situação em ordem no Paraná.

RSN – O que muda em seu secretariado na próxima gestão?

RICHA – Não farei mudanças expressivas. Como já falei, vamos redesenhar algumas estruturas para manter a eficiência com menos gastos. Estou satisfeito com todas as áreas da administração, mas cobro dos meus secretários números cada vez melhores.

RSN – Como pretende se relacionar com os parlamentares paranaenses presentes no Congresso Nacional a fim de garantir mais recursos federais?

RICHA – Eu me relaciono muito bem com nossa bancada de deputados federais, inclusive sem problemas partidários, e mantenho com eles um diálogo constante e produtivo para os interesses do Paraná. Tenho certeza que continuaremos assim. Infelizmente, dois de nossos senadores trabalharam contra os interesses do Paraná. Mas com o fim da disputa eleitoral acredito que poderemos contar também com o apoio deles, que foram eleitos com votos dos paranaenses. No âmbito local, construímos uma boa base na Assembleia Legislativa e mantemos uma excelente relação com todos os prefeitos. Independentemente de cores partidárias, apoiei todos os municípios que nos apresentaram demandas e projetos.

RSN – De onde virão os recursos dos projetos prometidos nessa campanha eleitoral?

RICHA – De uma receita estimada anualmente para delinear a programação de investimentos, que se inicia com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em sintonia com o planejamento estabelecido pelo Plano Plurianual (PPA). Também aguardamos a liberação, em Brasília, de financiamentos já negociados com instituições nacionais e internacionais. São cerca de R$ 2 bilhões que nos ajudarão a executar diversas ações programadas para melhorar a qualidade de vida da população paranaense.

RSN – Qual será a sua política de incentivos fiscais para atração de empresas? Quais setores serão priorizados?

RICHA – Quem quer investir e gerar empregos no Paraná sempre terá as portas do governo abertas. Nossa política não é de desoneração indiscriminada de tributos, mas sim de incentivo a todos os setores de nossa economia, com total respeito às normas legais, sempre observando o atendimento ao interesse dos paranaenses e das empresas, assim como normas ambientais. Nesta gestão, conseguimos investimentos de R$ 35 bilhões, que estão abrindo 180 mil postos de trabalho. Minha meta é dobrar o volume de recursos que atraímos até agora, com a criação de mais 400 mil empregos. Vamos ampliar o programa Paraná Competitivo, implantar um polo de software no Paraná e incentivar a criação de empresas com base na Lei de Inovação. Além disso, vamos apoiar os empreendedores individuais com linhas de crédito acessíveis e instalar o Banco Solidário para financiar ideias de famílias de baixa renda. Mulheres e jovens empreendedores também receberão atenção do Estado para abrir pequenas empresas.

RSN – O senhor acredita que, apesar do baixo desempenho em nível nacional o Paraná conseguirá manter o ritmo de crescimento?

RICHA – Não somos uma ilha. O péssimo desempenho da economia nacional em razão da falta de uma política macroeconômica eficaz e do esgotamento do modelo de gestão do País pode trazer reflexos para o nosso crescimento. A nossa vantagem é que temos uma economia diversificada e isso tem garantido ao Paraná uma performance melhor que a nacional. O PIB do Estado cresce o dobro da média brasileira e somos o terceiro na geração de empregos com carteira assinada. Nos últimos quatro anos vivemos um espetacular ciclo de industrialização, com os investimentos trazidos pelo Programa Paraná Competitivo, que deu nova dinâmica para a economia estadual. Junto, houve a recuperação da renda do agronegócio, movida pelo crescimento da produção e da produtividade no setor e alta nos preços agrícolas. Estes dois cenários, deram vitalidade ao mercado de trabalho regional. Com mais renda, houve incremento no resultado do comércio e dos serviços. Também realizamos grandes investimentos com recursos públicos em infraestrutura – estradas rurais, rodovias, portos, aeroportos e na Ferroeste, que movimentaram vários setores da nossa economia. Mas está na hora de mudar a condução do Brasil. Trocar os absurdos praticados por um partido que se acha dono da nação por um projeto mais moderno e democrático.

Cristina Esteche

Jornalista

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