22/08/2023

A série “Sandman” mudou a história dos gibis

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Por Cristiano Martinez

Realmente, os anos de 1980 foram um divisor de águas no mundo dos quadrinhos. Foi nessa época que escritores como Alan Moore, Frank Miller e Art Spielgelman provocaram mudanças profundas no mercado editorial, levando os inocentes gibis à categoria de obras de arte.

Dois anos antes do início da década oitentista, a lenda Will Eisner publicou aquela que é considerada a primeira “graphic novel” da cultura ocidental: “Um Contrato com Deus”. O “romance gráfico” (na tradução para o português) nascia como um gênero adulto dentro das tradicionais HQs. Ler uma história com seu personagem preferido nunca mais seria a mesma coisa.

Depois, vieram outras obras-primas: “Watchmen” (1985), “Batman, o Cavaleiro das Trevas” (1986 – não confundir com o filme de Chris Nolan) e “Maus” (1986), só para ficar em alguns.

E, em 1988, a editora DC Comics lançava outro clássico dos anos 80: “Sandman”. Escrita pelo britânico Neil Gaiman, a série rompia com todos os clichês dos gibis de super-heróis. Ao invés de uma figura mascarada e imbuída de princípios virtuosos, o protagonista das histórias era Morfeus, o “Mestre dos Sonhos”. Inspirado na mitologia grega, o personagem governa o Sonhar (mundo dos sonhos) e sua função nada é nada, digamos, heroica: supervisionar os sonhos das pessoas comuns.

Sandman, como é conhecido na HQ de Gaiman, pertence à família dos Perpétuos. Estes são manifestações antropomórficas de aspectos comuns a todos os seres vivos: Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio. Os sete perpétuos não são deuses, mas sim entidades de outro plano físico, responsáveis pelo ordenamento da realidade conhecida. Só sua existência mantém coeso o universo físico e todos os seres vivos.

O problema começa quando Sandman é preso por uma sociedade secreta, comandada por um feiticeiro humano. É assim a primeira história da série. Na verdade, esses magos queriam prender a Morte, mas acabaram pegando o “Senhor dos Sonhos” por engano. Durante 70 anos, ele fica aprisionado numa cela enfeitiçada de vidro. Sua ausência é responsável pelo caos no mundo dos humanos, já que ninguém mais controla os sonhos.

Como é possível perceber, as histórias de Gaiman trabalham com magia, terror e a realidade maleável dos sonhos. Nem tudo parece ser o que é nas aventuras de Sandman.

Para quem perdeu a série nos anos 80 (ou não tinha permissão para lê-la), a Panini Books, divisão luxuosa da editora brasileira Panini, está relançando todas as histórias do personagem em “edições definitivas”. Em 2010, foi o volume 1, com mais de 600 páginas em papel especial e capa dura; neste ano, foi o volume 2, outro tijolaço.

O preço é meio salgado e pouco convidativo. Mas, para aqueles que desejam investir em cultura de alta qualidade, vale a pena. Além do roteiro do escritor britânico, destaque para os desenhos produzidos por vários artistas e as capas pintadas por Dave McKean. São verdadeiros quadros.

Passados mais de 20 anos da publicação da primeira história, o gibi “Sandman” ainda continua interessante e assustador.

NOVA ESTAMPA
Vídeos, imagens, textos e podcasts, acesse o blog: novaestampa.blogspot.com

SERVIÇO:
HQ: “Sandman”, volumes 1 e 2, 600 páginas cada um
Autor: Neil Gaiman e outros
Preço: R$ 150,00 cada um
Onde adquirir: www.saraiva.com.br

Imagem: www.paninicomics.com.br

Cristina Esteche

Jornalista

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