22/08/2023
Blog da Cris Mundo

A sombra de um acordo!

No palco do Knesset, o discurso de um mediador improvável celebra o fim de uma era. Mas a história de uma guerra não termina com um aperto de mãos

Donald Trump (Foto: reprodução/Youtube)

A manhã em Jerusalém tinha um brilho diferente. Não era o sol da primavera, mas a luz deu um alívio que parecia impossível até poucas horas atrás. Do lado de fora do Knesset, o ar ainda pesava com a memória de sirenes e medo. Mas lá dentro, nos corredores do poder, a tensão se dissipava, dando lugar a uma mistura estranha de exaustão e esperança. A imprensa mundial conta sobre isso e relata muito mais.

O palco estava montado para ele, o mediador improvável. O presidente Donald Trump, com a figura imponente, tomou o pódio. O silêncio que se fez não era apenas de respeito, mas de uma curiosidade quase cética. Ele, o homem conhecido pela retórica inflamada, agora falaria sobre paz. E assim ele fez.

“Este não é só apenas o fim de uma guerra”, começou, a voz ecoando pelo salão. “É o fim de uma era de terror e morte, e o começo de uma era de fé e de paz, e de Deus.” As palavras eram grandiosas, dramáticas, talvez até um pouco teatrais. Mas naquele momento, elas ressoavam com uma verdade que os corações exaustos do povo de Israel precisavam desesperadamente ouvir. A plateia, composta por líderes e sobreviventes, escutava atentamente.

Ele falou sobre os reféns, 20 corajosos que retornavam para as famílias, para o abraço que há dois anos se tornara um sonho distante. A menção de outras 28 almas que voltariam “para descansar em paz no solo sagrado” trouxe um nó na garganta de muitos. Em troca, Israel libertou quase dois mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 que cumpriam penas de prisão perpétua. Era o preço da paz, a lembrança de que nem todos voltariam para casa. A crônica da guerra se encerrava, mas as cicatrizes permaneceriam.

A paz, ele disse, finalmente chegou. “Depois de anos de guerra, de perigo sem fim, hoje os céus estão calmos, as armas se silenciaram, as sirenes pararam, o sol se levantou na terra sagrada, que está finalmente em paz.” Ele pintou um quadro sereno, idílico, de um lugar que finalmente poderia respirar.

Mas a paz, sabemos, é frágil. Ela não se constrói em um único discurso, nem se sustenta apenas com boas intenções. Esse dia no Knesset foi o ápice de um acordo, o ponto final em uma longa e dolorosa crônica. Mas, fora dos holofotes, a história continua a ser escrita: a história da reconstrução, da reconciliação, da memória daqueles que se foram e da esperança daqueles que ficaram.

O sol de Jerusalém, de fato, se levantou nesse dia. Mas a pergunta que paira no ar é se aquela paz, tão alardeada, seria apenas um cessar-fogo momentâneo ou a verdadeira semente de um futuro duradouro. O tempo, e somente ele, escreverá o próximo capítulo.

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Cristina Esteche

Jornalista

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