22/08/2023

A vitória dos que odeiam a democracia

Estamos no limite do limite.  Ou aprendemos e mudamos ou temos que sair de cena e deixar o espaço para os de sempre. Dito de outra forma, ou saímos de nosso atolamento desta areia movediça ou desapareceremos.

Do jeito que está a política pediu a conta e em seu lugar assumiu o gerencialismo. Saí o político e entra o Síndico. O PT não se entende, o PMDB também não. O PSDB não consegue avançar e os outros partidos oscilam em torno destes. Triste sina.

A democracia, o melhor de todos os regimes, naufraga. Aqueles que odeiam a democracia, estão vencendo mais um round.

Sempre soube que a democracia plena é uma das coisas mais difíceis da humanidade. Democracia incomoda muitos, atrapalha um tanto quanto e no tempo em que escrevo está sendo demonizada por aqueles que querem viver sem ela, ou seja,  aqueles que querem continuar excluindo, menosprezando e vivendo feliz em seu individualismo cínico.

Há por aí, disfarçados de homens e mulheres de bem, muitos adversários da democracia. Sempre soube que a verdadeira democracia é perigosíssima, uma vez que abre uma avenida sem volta.

Esperava não ver o que estou vendo, ou seja, fundamentalistas religiosos e fascistas nunca foram tão fortes; a fisiologia nunca esteve tão poderosa; a oposição de uma direita irracional se apresenta como eleitoralmente viável e uma reforma política, teoricamente democrática e igualitária, cada vez mais distante.

O colapso da política pode ser visualizado quando agentes políticos não querem aparecer, não querem ser vistos, não querem ser lembrados. Envergonhados ou sem saber o que expressar ?

O assassinato de Marina Silva nas últimas eleições; o estelionato da Presidente e o oportunismo de Aécio Neves marcaram um período de que estamos com pouquíssimas opções.  A demissão da política e dos políticos marca uma nova era, o império dos síndicos e dos gerentes.  Quem é o ministro da Fazenda, senão o novo Síndico do Brasil em âmbito nacional? Quem é o Secretário da Fazenda do Paraná, em âmbito paranaense, senão o síndico de nosso Condomínio Estadual?

Os políticos ao se silenciarem optaram pelo não debate, pela não argumentação e pelo cheque em branco à lógica privada do mercado pelo mercado.  Lamento que tenhamos nos acostumados a medir a política pela economia.

Assim, a má consciência dorme tranquila.  E o que pode ser feito?  Resistir ou  seguir o conselho do pagodeiro que sugere que a vida nos leve?  Qual a saída?  O fato é que a sociedade está furiosa e a fúria irrompe somente quando há boas razões para crer que tais condições poderiam ser mudadas e não o são.

Para variar estou aqui advogando a ideia de que precisamos, ao menos, usar a liberdade para conhecer os cordéis que nos manipularam e que continuam nos manipulando e, a partir daí, buscar a boa imunização.

Precisamos, com urgência urgentíssima, distinguir nesta novela chamada política o que pode ser menos bandido e mais bandido, porque de mocinhos estamos muito carentes.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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