Estamos no limite do limite. Ou aprendemos e mudamos ou temos que sair de cena e deixar o espaço para os de sempre. Dito de outra forma, ou saímos de nosso atolamento desta areia movediça ou desapareceremos.
Do jeito que está a política pediu a conta e em seu lugar assumiu o gerencialismo. Saí o político e entra o Síndico. O PT não se entende, o PMDB também não. O PSDB não consegue avançar e os outros partidos oscilam em torno destes. Triste sina.
A democracia, o melhor de todos os regimes, naufraga. Aqueles que odeiam a democracia, estão vencendo mais um round.
Sempre soube que a democracia plena é uma das coisas mais difíceis da humanidade. Democracia incomoda muitos, atrapalha um tanto quanto e no tempo em que escrevo está sendo demonizada por aqueles que querem viver sem ela, ou seja, aqueles que querem continuar excluindo, menosprezando e vivendo feliz em seu individualismo cínico.
Há por aí, disfarçados de homens e mulheres de bem, muitos adversários da democracia. Sempre soube que a verdadeira democracia é perigosíssima, uma vez que abre uma avenida sem volta.
Esperava não ver o que estou vendo, ou seja, fundamentalistas religiosos e fascistas nunca foram tão fortes; a fisiologia nunca esteve tão poderosa; a oposição de uma direita irracional se apresenta como eleitoralmente viável e uma reforma política, teoricamente democrática e igualitária, cada vez mais distante.
O colapso da política pode ser visualizado quando agentes políticos não querem aparecer, não querem ser vistos, não querem ser lembrados. Envergonhados ou sem saber o que expressar ?
O assassinato de Marina Silva nas últimas eleições; o estelionato da Presidente e o oportunismo de Aécio Neves marcaram um período de que estamos com pouquíssimas opções. A demissão da política e dos políticos marca uma nova era, o império dos síndicos e dos gerentes. Quem é o ministro da Fazenda, senão o novo Síndico do Brasil em âmbito nacional? Quem é o Secretário da Fazenda do Paraná, em âmbito paranaense, senão o síndico de nosso Condomínio Estadual?
Os políticos ao se silenciarem optaram pelo não debate, pela não argumentação e pelo cheque em branco à lógica privada do mercado pelo mercado. Lamento que tenhamos nos acostumados a medir a política pela economia.
Assim, a má consciência dorme tranquila. E o que pode ser feito? Resistir ou seguir o conselho do pagodeiro que sugere que a vida nos leve? Qual a saída? O fato é que a sociedade está furiosa e a fúria irrompe somente quando há boas razões para crer que tais condições poderiam ser mudadas e não o são.
Para variar estou aqui advogando a ideia de que precisamos, ao menos, usar a liberdade para conhecer os cordéis que nos manipularam e que continuam nos manipulando e, a partir daí, buscar a boa imunização.
Precisamos, com urgência urgentíssima, distinguir nesta novela chamada política o que pode ser menos bandido e mais bandido, porque de mocinhos estamos muito carentes.