A greve unificada dos servidores, funcionários e professores estaduais não é unanimidade em Guarapuava. De acordo com o Núcleo Regional de Educação, a maioria das escolas tem aula normal nesta terça (25), primeiro dia da paralisação em todo o Paraná.
“Fizemos um levantamento prévio até às 11h”, disse uma das funcionárias do NRE ao Portal RSN. De acordo com o Núcleo, das 59 escolas de oito municípios, 45 responderam as questões do NRE. Destas, 48 professores estão ausentes, 39 funcionários também aderiram à greve e 1.389 alunos estão sem aula. Em Guarapuava, 14 escolas estão com aulas normais, sete não responderam e oito colégios estão funcionando parcialmente. “É um professor, ou um funcionário que aderiu à paralisação”.
A manifestação de servidores não afetou os serviços públicos do Estado na manhã desta terça (25). Até o momento, nenhuma área relatou dificuldades no atendimento à população. De acordo com a Agência Estadual de Notícias, na rede estadual de ensino, 2,4% das 2.143 escolas não tiveram atividade, enquanto outras 27% funcionaram parcialmente, com registro da ausência de professores e funcionários administrativos, o que não significa que os alunos ficaram sem atendimento.
Na APP-Sindicato, regional que atende 10 municípios, a greve foi deflagrada. De acordo com a presidente, a professora e vereadora Terezinha Daiprai, desde às 9h, professores estão reunidos na sede da entidade em Guarapuava estudando o Projeto de Lei 04/2019, de autoria do Governo e que já tramita na Assembleia Legislativa do Paraná. “Esse projeto traz sérios prejuízos aos servidores porque prevê o congelamento de todas as carreiras por 20 anos”.
Já nas polícias civil e militar o trabalho está sendo normal, mesmo porque a categoria decidiu aguardar o estudo que será apresentado pelo Governo no dia 29 de junho.
Entretanto, o Sindicato dos Docentes e Agentes Universitários do Ensino Superior Estadual de Guarapuava e Irati (Sintesu) aderiu à greve a partir de quinta (27). O presidente do Sintesu, Danny Jessé Nascimento, destacou que o sindicato sempre esteve aberto ao diálogo e se coloca à disposição para avaliar, em conjunto com os servidores públicos estaduais, toda e qualquer proposta do governador Ratinho Júnior, e que de fato, proponha pagamento da data-base (direito constitucional).
Segundo Danny, os locais de trabalho estão orientados a paralisar o atendimento ao público. Apenas serviços emergenciais serão feitos em observância ao atendimento mínimo exigido pela legislação. O presidente do Sintesu explicou que a data-base não é aumento, é apenas a reposição da inflação do período.
“Esses 42 meses sem reposição da inflação fizeram com que os servidores perdessem muita massa salarial, trazendo muitas dificuldades e problemas para os trabalhadores públicos do Paraná”, contou, explicando, em seguida, que a decisão de não pagar a data-base traz consequências também para a economia do Estado, pois esse dinheiro voltaria para o comércio local e, consequentemente, também retornaria para o governo por meio dos impostos.
Já a Adunicentro chamou assembleia para esta quarta (26), com primeira chamada às 15h e segunda chamada às 15h15, na sede da entidade, na rua Professor Becker, 3272, em Guarapuava.
NOVA RODADA
Na noite dessa segunda (24) o Fórum das Entidades Sindicais (FES) reuniu-se com o secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva e outros representantes do Governo. Durante o encontro Guto pediu que o movimento dê mais uma semana para o Governo concluir a análise que está fazendo e que colocará à mesa de negociação.
Mesmo com o diálogo aberto, a APP-Sindicato decidiu manter a greve com protestos em frente ao Palácio Iguaçu. Porém, ficou de dar uma resposta sobre a trégua ainda nesta terça (25). “O governo já teve tempo de apresentar esse estudo. Já foram feitas oito reuniões”, observa Terezinha Daiprai.
IMPASSE
Sem reajuste desde 2015 quando o então governador Beto Richa (PSDB) congelou os salários, a defasagem do funcionalismo público estadual está estimada em 17%. Porém, a reivindicação imediata é da reposição do índice inflacionário de 4,94%.
Entretanto, o governador Ratinho Júnior (PSD) já anunciou que o Estado está no limite prudencial e que a reposição causaria um impacto de R$ 1 bilhão na folha de pagamento. Porém, disse que o governo está se esforçando, cortando mordomias herdadas de gestões anteriores, para construir um projeto que permita, daqui a alguns meses ou no ano que vem, dar reajuste aos funcionários”.
Segundo o governador, a sua função é cuidar do equilíbrio e garantir a saúde financeira ao Estado.