22/08/2023
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Agentes do EstaR são demitidas sem aviso; uma delas por telefone

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Agentes do EstaR são demitidas sem aviso; uma delas por telefone

Duas agentes do EstaR (Estacionamento Regulamentado) em Guarapuava foram demitidas sumariamente, sem qualquer aviso prévio. A dispensa de uma delas aconteceu por meio de uma ligação telefônica após o expediente de ontem, segunda-feira (03). A outra foi comunicada pessoalmente na sua casa na manhã terça-feira (04) somente porque estava com a chave da sede do EstaR. “Me disseram que eu não precisava mais ir trabalhar porque tinha sido demitida e que passasse ainda hoje no Departamento Pessoal”, disse Selma Andrade Rodrigues à REDE SUL DE NOTÍCIAS. “É muito triste você dedicar a tua vida, muitas vezes doente, sem faltar um dia de trabalho, sem levar atestado médico e ser descartada desse jeito, sem um motivo, sem o mínimo respeito”, desabafou. Selma trabalhava no setor administrativo há 12 anos. Ela mora no Bairro Santana.

Angela Cristina Meira, também agente do EstaR há 12 anos, foi demitida por telefone. “Eu não tenho marido e tenho dois filhos para criar. Durante 12 anos foi nesse trabalho que tirei o sustento da minha família. E agora o que vou fazer se não temos direito ao 13º salário, férias, aviso prévio, ou qualquer outra multa rescisória e nem ao seguro-desemprego? Só vamos receber o Fundo de Garantia”, diz Angela que mora no Bairro Xarquinho .

Angela diz que durante os 12 anos andou sem parar para vender os blocos do estacionamento e atingir meta que é de no mínimo R$ 750 para então ter direito a 10% de comissão. “Só dessa forma eu conseguia ganhar um pouco mais e agora o que vou fazer?” se preocupa.

O que as duas demissionárias querem saber qual foi o critério adotado para essa escolha ou se todas serão demitidas como prevê a exigência do Ministério Público. “O que sabemos é que essa demissão aconteceria somente em dezembro, mas por que só nós agora”, repete Selma.

A RSN entrou em contato com o Departamento Pessoal da Fundação mas a diretora Maria do Carmo Abreu encontrava-se numa reunião na Prefeitura, segundo informações do setor.

A situação de ilegalidade que envolve o EstaR e os demais funcionários da Fundação proteger, antiga Fubem (Fundação do Bem Estar do Menor) se arrasta por décadas. Mais recentemente o Ministério Público ajuizou ação exigindo que todos os funcionários fossem dispensados por reconhecer a nulidade contratual já que por ser Fundação, a Proteger não pode admitir nenhum servidor que não tenha sido aprovado em concurso público. Por isso todas as profissionais serão lesadas financeiramente já que não terão acesso a nenhum direito previsto em rescisões contratuais. A situação já provocou paralisação e protestos, todos sem êxito.

“Somos assalariadas e ainda somos convidadas a ser voluntárias para cuidar das crianças do Berçário Municipal que ficam internadas em hospitais. Já cheguei a trabalhar 10 horas diretas por dia”, disse Selma. “O mesmo aconteceu comigo e acontece com outras agentes”, confirma Angela.
Além do salário mensal de R$ 583,00 as agentes recebem comissões com percentuais gradativos sobre a venda de blocos tíquetes de estacionamentos. Segundo informações, a comissão é calculada a partir da venda de blocos superior a R$ 750, o que dá direito a 10% de comissão. Se a venda for maior a comissão é de 13%. A venda média de blocos é de R$ 1,5 mil por mês, resultando numa comissão de R$ 195. “Mas é preciso andar muito, oferecer, aguentar xingão das pessoas. Temos que ter muito jogo de cintura”, diz Angela Meira.

De acordo com outras agentes, a renda mensal das multas aplicadas pelo EstaR giram em torno de R$ 40 mil, valor que é revertido para manter projetos sociais como o Berçário Municipal, Casas Lares, Abrigo Especial, entre outros.

O EstaR em Guarapuava conta com 22 agentes, das quais 17 atuam nas ruas onde há o estacionamento regulamentado. Esse anel é composto desde o Hospital São Vicente, no centro da cidade, até a quadra do Cebeja na Rua Saldanha Marinho, Bairro Batel. Cada agente atua no mínimo em cinco quadras. Elas reclamam também da redução de mão-de-obra e do consequente acúmulo de serviço. Em 2004, existiam 43 agentes o que permitia que cada uma fosse responsável por apenas duas quadras.

Cristina Esteche

Jornalista

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