Os professores são mesmo heróis. Não me canso de repetir isso. Essa verdade ficou ainda mais evidente na parada cívica de 7 de Setembro, em Guarapuava. Cada escola que passava pela Rua XV de Novembro revelava o empenho da equipe de professores em fazer o melhor. O que se viu foram adereços com material de baixo custo, instrumentos confeccionados com material reciclável, fanfarras e coreografias comandadas por professoras e professores. Cada um usando a criatividade para fazer tudo com muito pouco, ou quase nada.
E as crianças estavam lá. Muitas com os instrumentos maiores do que elas, mesmo assim batendo forte e com os olhos atentos ao comando de quem estava à frente. Cada escola queria mostrar o seu melhor em frente ao palanque das autoridades. Confesso que essas apresentações deixaram o desfile moroso, sob um sol de mais de 30º C.
Os pais também fizeram a sua parte, indo prestigiar os filhos e lotando a XV, em toda sua extensão. Me perdoem as autoridades que em entrevista disseram que a presença de mais de dez mil pessoas foi para resgatar o civismo, ou uma mostra de patriotismo. A minha leitura é que a grande maioria estava lá, não para demonstrar a sua indignação ou o seu civismo num momento tão crítico para a política e economia brasileira.
Acho que certa está a secretária municipal de Educação, Doraci Luy quando diz que o sucesso do desfile coroou o trabalho de uma ano na sala de aula. Entendi a analogia. É como se todo o esforço de um ano letivo nas escolas municipais estivesse ali, sendo evidenciado na "passarela" cívica. Até mesmo o suor que escorria dos rostos, provocados pelo calor, demonstrou o esforço na sala de aula, com todos os seus percalços e dificuldades do dia a dia.
Estava lá, sim, para ver algo bonito, para prestigiar a escola dos seus filhos, do seu bairro, da sua cidade. E fica aí a dica: o guarapuavano é ávido por eventos de rua. Quem não lembra dos desfiles carnavalescos organizados pelo falecido Jabazinho? E atualmente pelo Carnaval de Rua forjado a ferro e fogo pelo velho Tuto e seus filhos?
Pois é, esses mestres, independente se estão ou não, na sala de aula, são mesmos verdadeiros heróis. O que continua faltando são os incentivos, os recursos financeiros, as oportunidades. Afinal, como mostrou o desfile dessa quinta, dia 07, o povo quer um pouco mais de diversão e arte.